Governo Nunes entregou remédios vencidos em ação contra meningite em creche
No lote enviado pela prefeitura, medicamentos fora da validade chegaram a 10 famílias
No dia 29 de maio deste ano, a Prefeitura de São Paulo, chefiada por Ricardo Nunes (MDB), entregou 10 unidades de um remédio vencido a famílias da creche Vó Xinha, na Jova Rural, zona norte da capital paulista. O medicamento é utilizado na quimioprofilaxia de meningite, estratégia de prevenção de doenças infecciosas que envolve o uso de medicamentos para evitar a transmissão entre crianças.
A ação de quimioprofilaxia ocorreu após a morte por meningite de uma criança de cinco anos na creche, no dia 28 de maio, e foi coordenada pela Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) de Santana, também na zona norte. A entrega foi intermediada por trabalhadores da Unidade Básica de Saúde (UBS) da Jova Rural.
As informações estão em um relatório sobre a ocorrência entregue à Uvis pela UBS da Jova Rural, ao qual o Brasil de Fato teve acesso. O documento foi enviado no último dia 3 de junho e é assinado pela gerente da unidade de saúde.
De acordo com o relatório, o primeiro lote do remédio foi entregue às 15h30 aos responsáveis pelas crianças da mesma sala onde morreu o aluno. Porém, após conversa com a equipe da Vó Xinha, os profissionais da saúde decidiram que ação de prevenção deveria ser estendida a toda a creche.
Dessa forma, um novo lote foi enviado à unidade escolar e entregue aos pais por volta das 19h. Nessa segunda remessa, havia 11 medicamentos vencidos. Desses, dez foram entregues às famílias.
O Brasil de Fato conversou com a mãe de uma criança que recebeu o medicamento vencido. Ela pediu para não ser identificada por receio de sofrer alguma retaliação da direção da creche ou que seu filho seja prejudicado. A Vó Xinha tem 70 crianças matriculadas, sendo 24 na creche e 46 na pré-escola.
“Eu não percebi o vencimento, cheguei em casa e dei o remédio para o meu menino. De manhã, uma mãe mandou no grupo de Whatsapp a foto do remédio com a data vencida. Aí, eu fui ver o remédio que estava em casa e também estava vencido. Foi um desespero, graças a Deus não aconteceu nada com meu filho e ele está bem”, finalizou a mãe.
Questionada pela reportagem, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que a conduta citada não condiz com as diretrizes da pasta e, por isso, abriu uma investigação rigorosa para apurar o ocorrido e tomar as providências cabíveis.
Edição: Thalita Pires