Greve dos bancários questiona ausência de negros no setor

Proposta apresentada pela categoria pede reserva de pelos menos 20% das vagas para negros. Desigualdade salarial entre homens e mulheres ainda é uma característica do sistema financeiro.

Bancários de todo o país entraram em greve por tempo indeterminado na quinta-feira (19). Ampliada para além das questões salariais, a pauta traz uma novidade. Entre as reivindicações está a exigência da contratação de pelo menos 20% de negros e negras.

É a primeira vez que a ampliação da diversidade racial aparece como ponto de pauta da categoria. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), Carlos Cordeiro, o baixo número de negros no sistema bancário esteve presente nos debates da categoria no último período.

Cordeiro destaca que a desigualdade é ainda maior quando observada a ascensão na categoria profissional.

“Raramente você vê um gerente negro e uma mulher negra gerente. E nas questões das direções dos bancos quanto mais você vai subindo na hierarquia do banco você vai vendo a ausência de mulheres e, especialmente, a ausência de negros.”

Outro ponto de pauta do movimento de mobilização é em relação à segurança bancária. Cordeiro destaca a necessidade imediata da implantação de medidas de prevenção contra assaltos.

“Só no primeiro semestre deste ano 30 pessoas foram assassinadas nas agências bancarias. Em 2012 foram 57 em todo o ano. Então, nós estamos exigindo dos bancos medidas eficientes na segurança para proteger a vida de bancários, clientes e usuários.”

Entre as reivindicações também estão o reajuste salarial de 11,93% e o nivelamento do piso ao salário mínimo sugerido pelo Dieese, que é de R$ 2.860,21. Além disso, o fim das metas abusivas e do assédio moral.

A greve foi decidia em assembleia pelos trabalhadores no último dia 12, após quatro rodadas de negociação, sem acordo, com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

Por Daniele Silveira, da Radioagência NP

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