Greve na Metodista entra na terceira semana
A paralisação dos professores e professoras da Universidade Metodista (Umesp) continua. A greve entrou em sua terceira semana, com a decisão referendada na tarde de sexta-feira, 26, durante a assembleia on-line da categoria, pela plataforma zoom.
Os/as professores/as decidiram não retornar as atividades e vão manter a greve iniciada no último dia 10, data em que os alunos regressariam para o ano letivo.
A paralisação foi uma última alternativa dada como resposta aos entreves com a Universidade Metodista que já duram dois anos. A Instituição não paga os salários integrais desde abril de 2020 e não cumpre acordos firmados na justiça.
A greve foi deflagrada no dia 4 de fevereiro, quando o/ass professores/as haviam decidido pela paralisação. No entanto, a direção da Umesp convidou o Sindicato dos Professores do ABC para uma reunião, mas que não apresentou progresso.
Diante do impasse, acontecerá nesta segunda-feira, dia 1°, uma audiência com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Contee — juntamente com os sindicatos filiados que têm instituições metodistas em suas bases.
Já no fim do ano passado, a Contee protocolou ofício junto ao MPT denunciando o desrespeito a que têm sido submetidos os trabalhadores da rede há anos, com atrasos nos pagamentos de salários, de décimo terceiro e de férias, além de redução unilateral de 50% dos salários de docentes e técnicos administrativos e descumprimento de acordos trabalhistas e judiciais.
Dia Nacional do Basta
O coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, ressalta que todas essas ações representam uma continuidade efetiva da mobilização que organizou, no dia 22 de setembro de 2020, o Dia Nacional do Basta em defesa da vida, da dignidade e dos direitos dos professores/as e auxiliares de administração escolar das instituições de ensino metodistas de todo o país.
Do SinproABC
Leia abaixo a nota pública de professores/as da Umesp
PROFESSORES DA UNIVERSIDADE METODISTA EM GREVE POR SALÁRIOS INTEGRAIS PARA TODOS OS DOCENTES
Contra o atraso e não pagamento integral dos salários, além do descumprimento de diversos direitos trabalhistas, os professores da Umesp — Universidade Metodista de São Bernardo do Campo, deflagraram greve no último dia 10 de fevereiro.
A Umesp, ardilosamente postergou o início das aulas para o dia 22 de fevereiro, apresentando uma proposta constrangedora, que consiste na regularização dos salários apenas dos professores que recebem até 5 mil reais. Aqueles que recebem superior a 5mil reais líquidos, pela proposta, receberiam 75% dos salários sem as multas trabalhistas. Pior! A proposta sujeita os pagamentos ao FLUXO DE CAIXA, ou seja, não há qualquer garantia de pagamento. Além disso, não prevê qualquer prazo para regularização total e exige, para celebração do acordo, que os trabalhadores perdoem a dívida pelas multas decorrentes do atraso de salários e direitos trabalhistas.
Diante da obscena proposta, feita na tentativa de dividir a categoria, os professores não tiveram outra alternativa além de manter a greve, recusando a proposta e pressionando a Umesp, sua mantenedora, o Instituto Metodista de Ensino Superior, ligado à Igreja Metodista, e os poderes públicos, para terem os mínimos direitos trabalhistas cumpridos.
A história de violação aos direitos dos trabalhadores da Umesp não é recente. Desde o ano de 2015, os trabalhadores não têm depósitos regulares de FGTS e sofrem atrasos no pagamento de décimo terceiro, férias e salários. A situação chegou a um patamar insustentável depois da ausência de pagamento de verbas trabalhistas e salários que motivaram uma greve de professores e funcionários no ano de 2019. Através da greve, os trabalhadores conquistaram o pagamento parcelado das verbas trabalhistas, mas o compromisso foi descumprido pela Umesp.
Durante a pandemia, os trabalhadores administrativos sofreram redução de jornadas e salários. Os professores tiveram que realizar todo tipo de formação NÃO REMUNERADA e tiveram que assegurar a continuidade das aulas pela via remota. Porém estão recebendo apenas metade dos salários desde março de 2020. Alguns cursos tiveram junções de turmas, o que acarretou em uma redução na carga horária do docente, impactando e gerando diminuição salarial. Vários trabalhadores demitidos não receberam até hoje suas verbas rescisórias.
Muitos professores sofreram, desde 2015, a redução de suas cargas horárias, com a diminuição significativa de seus salários. Estão endividados, doentes e sem qualquer amparo da Instituição.
A greve, portanto, mais que um direito, é a única alternativa para que esses trabalhadores alcancem minimamente a regularização do pagamento dos seus salários.
Por essa razão, a mobilização dos professores tem sido amplamente apoiada pelos estudantes, que há tempos sentem os efeitos da precarização do ensino, com a queda da qualidade dos cursos.
Qualquer prejuízo para a comunidade discente e a população é responsabilidade da Universidade Metodista, que não respeita os direitos dos trabalhadores.
A Umesp, contudo, vem confirmando seu total desprezo pelos trabalhadores e comunidade acadêmica, adotando condutas antissindicais que vão desde ameaças de retaliação, até a substituição de professores grevistas por parte dos coordenadores. Esse fato preocupa os professores quanto a reposição de suas aulas, bem como com relação ao recebimento de parte do salário referente a essas horas aulas ministradas por terceiros, durante o período de greve. Vale ressaltar ainda que essa substituição ocorre de forma arbitrária e sem consentimento do docente responsável pela temática ou disciplina. O correto e desejado é que as aulas sejam repostas pós período de greve pelos professores atribuídos nas referidas disciplinas.
Além da Umesp, que tem campus em São Bernardo do Campo, outras universidades do grupo foram fechadas, demitindo professores e funcionários que até agora estão sem receber salários e as verbas rescisórias. Os docentes da Universidade Metodista de Piracicaba — Unimep, estão em greve desde 30 de novembro, pleiteando salários, férias e 13º atrasados. As atividades do campus de Santa Bárbara d’Oeste foram encerradas, e diversos cursos do campus de Piracicaba foram fechados, atingindo cerca de 500 alunos e 50 professores.
Sabemos que a situação das universidades do grupo Metodista é resultado de uma política desastrosa, que concebe a educação como mercadoria, atendendo exclusivamente aos anseios de lucro de empresários, e não tem nenhum compromisso com os estudantes, trabalhadores e o desenvolvimento da pesquisa e tecnologia no país.
É necessário fortalecer e ampliar o movimento grevista. Só a adesão massiva dos trabalhadores pode assegurar a vitória, com a conquista do pagamento dos direitos trabalhistas e nenhuma retaliação.
Contamos com seu apoio, através do envio de moções ao e-mail comandodegreveumesp@gmail.com, e divulgação pelas redes sociais.
Educação não é mercadoria!
Metodista, respeite os trabalhadores! Pague seus direitos trabalhistas!
Nenhuma conduta antissindical! Chega de ameaças e substituição de grevistas!