Guerreiras que representam os trabalhadores dificultaram votação da Reforma
Um dia histórico. Senadoras tomaram de assalto a mesa do Senado e, por várias horas, impediram que os direitos trabalhista fossem expurgados da legislação brasileira. Mas o patronato impôs sua maioria: por 50 votos a favor, 26 contra e uma abstenção foi aprovada a Reforma Trabalhista no início da noite de 11 de julho.
“O que vimos no Senado foi o como é importante participar, e não fugir, da política. As senadoras guerreiras Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Lídice da Mata (PSB-BA) e Regina Sousa (PT-PI) ocuparam a mesa diretiva do Senado em protesto contra a Reforma Trabalhista. Uma grande lição: precisamos saber votar, escolher gente que nos represente e em quem possamos confiar”. A avaliação é do coordenador-geral da Contee, Gilson Reis. “Agora, é continuar luta nas ruas, no Congresso, nos tribunais, onde for necessário, pelos direitos trabalhistas”, complementou.
Mais tarde, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) se juntou, na mesa, às senadoras. “Ninguém vai morrer se nós votarmos a reforma na primeira semana de agosto. É melhor debater, discutir com calma. Essa reforma está a serviço de quem? De um Planalto que não se sustenta?”, indagou. Após a ocupação da mesa, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), determinou a suspensão dos trabalhos e as luzes do Plenário foram apagadas, e assim ficaram por horas. Nessa hora, o painel eletrônico marcava a presença de 49 dos 81 senadores no plenário.
Em revanche, o senador José Medeiros (PSD-MT) protocolou no Conselho de Ética, com 15 assinaturas, ação por quebra de decoro contra as senadoras que protestaram no Plenário contra a reforma trabalhista (PLC 38/2017).
O dia no Senado foi tumultuado. Sindicalistas tiveram obstáculos de acesso às suas dependências. Até funcionários da Câmara não acessaram a Casa. “Fecharam as portas do Congresso, e quando alguém entra, tem que ficar calado, senão nos colocam para fora”, denunciou o coordenador da Secretaria da Comunicação Social da Contee, Alan Francisco de Carvalho.
A entrada do anexo II do Senado, amanheceu tomada por sindicalistas. Mais tarde, em frente ao Congresso, realizaram manifestação. Os governistas tentaram mudar o local da realização da sessão para o auditório Petrônio Portella, mas os dirigentes sindicais ocuparam a entrada do auditório, foram reprimidos com violência pela polícia legislativa do Senado, e conseguiram impedir a transferência de local. Do lado de fora do Congresso, movimentos sindicais fizeram protestos contra a Reforma Trabalhista. Em todo o país, atos também protestaram contra o teor do projeto de reforma.
“Que os trabalhadores e trabalhadoras de cada estado vejam quem votou contra os trabalhadores – e a favor da Reforma – e quem valeu o nosso voto, posicionando-se contra esse crime contra nós”, afirmou Gilson.
Confira aqui como votou cada senador/a
Carlos Pompe