‘Há muita luta de classes acontecendo na Europa’, afirma liderança trabalhista da Bélgica

Em entrevista ao Brasil de Fato, Peter Mertens analisou as manifestações e lutas populares que efervesceram em 2023

Iolanda Depizzol e Pedro Stropasolas

Há, atualmente, uma disparidade de classes sociais entre trabalhadores e capitalistas cada vez mais maior na Europa. Essa é a opinião de Peter Mertens, secretário-geral do Partido dos Trabalhadores da Bélgica (PTB).

“Muitos trabalhadores na Europa têm um emprego, mas não sabem se ainda vão ter ao final do mês. As últimas grandes lutas ocorreram no Reino Unido e na França. E na França, este ano, 3,6 milhões de pessoas saíram às ruas. Portanto, houve mais pessoas saindo às ruas este ano do que em maio de 1968. O histórico maio de 68. No Reino Unido é o mesmo. Houve mais pessoas lutando nos últimos dois anos do que nos anos 70 contra Thatcher”, pontua Mertens.

Em entrevista ao Brasil de Fato durante a Conferência Dilemas da Humanidade em Joanesburgo, Mertens analisa o cenário das lutas sociais no continente europeu e a necessidade de organização da classe trabalhadora conforme a nova face do mundo laboral.

“Depois da Segunda Guerra Mundial, tivemos sindicatos fortes, tivemos uma luta de classes forte, tivemos partidos de classe fortes, partidos políticos. E agora eles viram algumas perdas, o neoliberalismo atacou tudo isso e parte do movimento operário está na defensiva. Essa é a realidade, eu sei. Mas há algumas pessoas falando sobre a época em que éramos muito poderosos. Naquela época isso, naquela época aquilo. Isso é tudo verdade”.

“Se quisermos inspirar novos trabalhadores, jovens trabalhadores, a classe trabalhadora tal como ela é, temos de enfrentar as necessidades de hoje. A classe trabalhadora de hoje não é a mesma de 50 anos atrás. É um outro formato. Há mais uberização, mais jovens. Precisamos nos organizar novamente”, afirma o dirigente partidário.

Mertens também pontua que para enfrentar a crise neoliberal e o cenário de guerras, como na Ucrânia e em Gaza, é preciso “ter partidos e movimentos populares com uma perspectiva socialista”.

“O prazo é impossível de dizer, mas o que se pode dizer hoje é que se não tivermos uma perspectiva socialista neste período terminal não chegaremos lá. Portanto, nesse ponto concordo com Naomi Klein quando ela diz que, em períodos de turbulência, aqueles que têm teorias que são inspiradoras, podem vencer. Ou é a teoria fascista, no mesmo período, que pode vencer. Portanto, penso que precisamos falar mais sobre o socialismo, mais sobre como chegar ao socialismo a partir do que fazemos hoje em dia”, finaliza.

Edição: Thalita Pires

Do Brasil de Fato

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