História brasileira é marcada por manifestações e conflitos violentos, afirma Angela Alonso

Os conflitos violentos marcados na História desmistificam o pensamento coletivo de que o povo brasileiro é pacífico. Em entrevista ao UM BRASIL, a socióloga e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) Angela Alonso destaca que há o registro de 20 episódios conflitivos apenas entre 1889 e 1964, do golpe republicano ao golpe militar.

Os casos são referentes tanto a brigas entre elites quanto entre o Estado e a população e, de certa maneira, se assemelham, inclusive, aos atos realizados recentemente nas capitais e em diferentes cidades brasileiras contra o anúncio de cortes no orçamento da educação e às jornadas de junho de 2013. “Tem sempre uma ênfase na ideia da cordialidade, de um povo alegre que resolve tudo em relativa harmonia, e não é assim”, comenta.

Na conversa com o jornalista Leandro Beguoci, ela considera o abolicionismo o primeiro movimento social nacional brasileiro. “Mas tem vários outros antes e depois e, na maioria dos casos, todos esses episódios de mobilização envolvem conflitos violentos”, afirma a socióloga, que presidiu por 4 anos o Cebrap e, agora, passará o comando do órgão para o professor de Filosofia Marcos Nobre, no 50º aniversário da instituição.

A também professora do Departamento de Sociologia da USP (Universidade de São Paulo) e autora dos livros Ideias em movimento: a geração de 1870 na crise do Brasil-Império e Flores, votos e balas: o movimento abolicionista brasileiro ressalta ainda que essa história turbulenta não pode ser atribuída às singularidades brasileiras e compara os acontecimentos com os ocorridos na França, por exemplo, país que associamos à pátria da civilização. “Costumo dizer que os sociólogos não são astrólogos, mas tenho a impressão que os problemas que temos no Brasil e o debate tendem a continuar acesos”, vislumbra.

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