Homenagem a Dom Paulo Evaristo Arns
No dia 14 de dezembro de 2016, morreu um dos maiores filhos do Brasil, de todos os tempos, Dom Paulo Evaristo Arns. Parafraseando Machado de Assis, deve-se dizer que Dom Paulo aposentou-se da vida; da vida longeva (95 anos) e plena que ele teve; da vida madrugadora e incansável em defesa dos dois maiores e mais caros valores da humanidade: liberdade e justiça; da vida que se notabilizou pela voz serena, mas firme e vibrante, que fez tremer a mais longa e tenebrosa página de horrores da vida brasileira: a facínora ditadura militar, que infelicitou o Brasil de 1964 a 1985; da vida que se transbordou em solidariedade e em sincero amor à diversidade, ao pluralismo de ideias, de concepções políticas, filosóficas e religiosas.
Por tudo isto, faz-se imperioso perguntar: será verdade que Dom Paulo Evaristo Arns morreu? Mais apropriado é dizer — agora, parafraseando Guimarães Rosa — que o corpo físico de Dom Paulo ficou encantado. Porém, o cidadão, o sublime cristão, o fervoroso democrata, o ilustre e ilibado prócere da liberdade e da justiça, a voz maior contra a censura e a repressão políticas não morrerão jamais. Ao contrário, continuarão, por todo o sempre, vivos, exemplares e encantadores; estes múltiplos Dom Paulo, com certeza, são imortais e atemporais.
Vivas a Dom Paulo Evaristo Arns, ontem, hoje, amanhã e sempre.