Inflação do aluguel sobe em março e vai a 14,77% em 12 meses

Índice usado para reajuste do aluguel é composto por indicadores que sofrem com as oscilações do dólar e dos preços internacionais das commodities, como combustíveis e metais, inviabilizando a moradia para milhões de brasileiros, em meio à carestia, queda na renda e desemprego elevado

Diante do mega-aumento nos preços da gasolina e do diesel, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 1,74% em março e acumula alta de 14,77% em 12 meses, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV), na quarta-feira (30).

“Nesta apuração, os combustíveis, cujos preços foram reajustados no dia 11/03, começaram a influenciar os resultados da inflação ao produtor e ao consumidor. O preço do Diesel avançou para 8,89% ao produtor e, o da gasolina, subiu 1,36% ao consumidor. Os preços do trigo (de 1,69% para 4,90%), da farinha de trigo (de 2,68% para 6,25%) e dos pães e bolos industrializados (de 1,11% para 1,20%) também começaram a registrar aceleração no índice ao produtor”, afirmou André Braz, Coordenador dos Índices de Preços.

Conhecido popularmente como “inflação do aluguel”, o IGP-M é composto por indicadores que sofrem com as oscilações do dólar e dos preços internacionais das commodities, como combustíveis e metais, por exemplo.

A direção Petrobrás, com o aval do governo, autorizou um reajuste de 18,8% no preço da gasolina, de 24,9% no preço do diesel, e de 16,1% no preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP) – o popular gás de cozinha – que começaram a valer para as distribuidoras a partir do dia 11 de março.

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que possui peso de 60% na composição do IGP-M, subiu 2,07% em março, ante 2,36% em fevereiro. Destaques para as altas dos ovos (16,98%), carne de aves (11,49%), diesel (8,89%), soja em grãos (7,28%) e gasolina automotiva (1,36%).

Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), com peso de 30% no IGP-M, variou 0,86% no mês. Entre os destaques de alta estão a cenoura (37,83%), tomate (13,89%) e a gasolina (1,36%).

Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10% no IGP-M, ficou em 0,73%. “Os três grupos componentes registraram as seguintes variações na passagem de fevereiro para março: materiais e equipamentos (0,56% para 0,29%), serviços (1,69% para 0,79%) e mão de Obra (0,19% para 1,12%)”, destacou a FGV em nota.

A “inflação do aluguel” fechou 2021 com alta de 17,78%. Em agosto deste mesmo ano, o IGP-M chegou ao recorde de 31,12%, em 12 meses. Assim, por ter descolado da realidade dos trabalhadores brasileiros, que ao longo destes últimos anos não ganham nenhum reajuste real em seus salários, o inquilinato começou a defender a retirada do IGP-M de seus contratos de aluguéis.

Como alternativa ao IGP-M, a Câmara dos Deputados discute um projeto de lei que busca limitar os reajustes dos contratos de locação ao indicador de inflação oficial IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), cujo governo é contra. No entanto, o IPCA é outro indicador que disparou no governo Bolsonaro, efeito dos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis pelo governo. O IPCA acumula alta de 10,54%12 meses até fevereiro, segundo IBGE.

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