Integração da cultura à educação será um salto para Governo Dilma

“O projeto de desenvolvimento nacional que estamos vivendo hoje só vai sair desse patamar – o de distribuir renda através de programas sociais (como Bolsa Família, Brasil Carinhoso, Pronatec) aos mais pobres, ou seja, para crianças e jovens – se garantirmos o acesso à cultura e à educação”, defendeu ontem (23) Juana Nunes, diretora da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (SPC/MinC), durante a 8ª Bienal da UNE, que se realiza até 26 de janeiro em Olinda (PE).

Para Nunes, “a escola pública é o equipamento de acesso à cultura por excelência. Com a integração da cultura, a escola vai abrir seu repertório de ensino. Sem isso, a pessoa pode passar a vida inteira com um repertório cultural fechado”. A preocupação do MinC com o acesso à cultura não é uma questão coorporativa.

Números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2010, indicam que 44,7% da população brasileira, praticamente a metade, não têm nenhum acesso a equipamentos de cultura. Em somente 905 cidades, das 5.561 existentes, há museus e/ou salas de espetáculo, representando apenas 16,3% dos municípios do país.

A carência de bibliotecas é dramática: uma para cada 26,7 mil brasileiros. E o acesso a espetáculos? Apenas para termos uma ideia de como isso praticamente não existe para grande parte da população, 70% dos brasileiros nunca assistiram a uma apresentação de dança (dados da Unesco).

Programa Escola Viva

Com o objetivo de enfrentar este abismo que separa os brasileiros da produção cultural, o MinC lançou o projeto Escola Viva. O objetivo é integrar os pontos de cultura às escolas, transformando-as nos equipamentos culturais tão necessários aos brasileiros.

A ideia é que a escola inclua em seu projeto pedagógico o desenvolvimento cultural da comunidade. Para tanto, o Ministério da Educação, através de seu Fundo Nacional de Desenvolvimento (FNDE), pagará um artista educador por no mínimo seis meses para contribuir com a qualidade da educação na escola.

Além disso, as escolas participantes poderão receber até 20 mil reais por ano para contratar artistas educadores, alugar ônibus para excursões culturais, entre outras iniciativas. Também serão oferecidos cursos técnicos profissionalizantes de produtor cultural, cenografia, iluminação, sonoplastia, entre outros. “As inscrições para concorrer ao edital devem iniciar logo após o Carnaval”, informou Nunes.

Cultura e economia

A formação técnica para a Cultura é importante não apenas para educação, mas também para a economia da Cultura no Brasil. “Eu conversava com a Carla Camurati, presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e ela me dizia que daqui a seis anos não haverá mais técnico para trabalhar no Municipal. As pessoas irão se aposentar e não há quem os substitua”, contou Nunes.

Para Javier Alfaya, do coletivo nacional de Cultura do PCdoB, “a cultura é um fator muito importante da economia nacional. A indústria cultural emprega milhares de pessoas. Veja o Carnaval, por exemplo. Tem a ver com a sobrevivência da gente. É uma coisa séria do ponto de vista econômico. Por isso defendemos um Sistema Nacional de Cultura, assim como há o de Saúde, entre outros”.

Além de Nunes e Alfaya, Severino Pessoa, presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), também participou do debate “Políticas públicas para a cultura” da 8ª Bienal da UNE. Ele destacou que “Pernambuco é o estado que mais cresce no Brasil e que a política de Cultura para o estado segue esta tendência casando o apoio à cultura popular com os grandes nomes nacionais e internacionais do mundo das artes”.

Do Portal Vermelho

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