Itamaraty virou centro de difusão do obscurantismo bolsonarista

O Ministério das Relações Exteriores, comandado pelo olavista Ernesto Araújo, foi transformado num centro de difusão de ideias reacionárias da extrema direita liderada por Jair Bolsonaro.

Apostila do Itamaraty distribuída aos Centros Culturais Brasil no exterior incluiu frases com críticas ao ex-presidente Lula, ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, aos governos da Argentina e até a cabelos não-alisados.

O material foi divulgado pela jornalista Júlia Dolce, da Agência Pública, após um alerta dado por uma professora da Rede Brasil Cultural, que atua nas embaixadas do país no mundo.

Entre as frases que podem ser lidas estão: “Se o MST se apropriar das nossas terras, nunca mais conseguiremos reavê-las”; “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o Mensalão, eu não teria votado nele”; “A Argentina empobreceu durante a última década”; “Se ela alisasse o cabelo, ela ficaria mais bonita” e “Se as mulheres não abortassem não haveriam tantas clínicas de aborto clandestinas”.

O ex-ministro José Dirceu também aparece no material didático sendo relacionado com o Mensalão. Menções a chefes do tráfico determinando toques de recolher e ao ataque dos Estados Unidos ao “exército iraquiano” também surgem. O chanceler Araújo é fã de Donald Trump e parece sentir um estranho prazer ao se comportar como um cão vira-lata do chefe da Casa Branca.

“Pessoas com interesse em aprender PTBr (português brasileiro) têm aulas com esse material no mundo todo. Os professores relatam que é a primeira vez que o conteúdo vem com clara linha ideológica, o que desrespeita até o viés da interculturalidade, pilar dos centros”, declarou a jornalista.

“Esse material é produzido por equipes contratadas pelo próprio Itamaraty no Departamento de Promoção de Língua Portuguesa e aprovado pelo órgão. Os professores relatam que até então o indicativo do governo Bolsonaro era evitar falar sobre temas políticos e se surpreenderam hoje”, completa.

CTB

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