Juro alto não breca inflação, encarece crédito e causa desemprego
Para centrais, taxa alta concentra cada vez mais renda nas mãos de banqueiros e especuladores financeiros
São Paulo – As seis centrais sindicais reconhecidas formalmente divulgaram nota conjunta em que criticam a política econômica do governo, especialmente em relação aos juros, com referência a nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, hoje (28) e quarta-feira (29), quando se prevê nota alta. “Essa política derruba a atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumento o desemprego e diminui a capacidade de consumo das famílias e, mais, reduz a confiança e os investimentos dos empresários, o que compromete a capacidade de crescimento econômico futuro”, afirmam CSB, CTB, CUT, Força, Nova Central e UGT.
Indústria abaixo da média de produção de 2008, comércio, com “inflexão negativa após anos de crescimento”, e serviços “já em trajetória de desaceleração” compõem o atual cenário de dificuldade, dizem as entidades. “A piora sobre a percepção futura limita qualquer expectativa de recuperação no curto prazo”, acrescentam as centrais. Para elas, a despeito da estagnação geral, um setor continua ganhando: os bancos, que registraram novos aumentos de lucros no primeiro trimestre.
Para as centrais, o aumento da taxa básica de juros “tem sido ineficaz no combate à inflação, encarece o crédito para consumo e para investimentos, causa mais desemprego, queda de renda, piora o cenário de recessão da economia e ainda contribui para diminuir a arrecadação do governo”. Além disso, “concentra cada vez mais renda nas mãos de banqueiros e especuladores financeiros”.
As seis entidades concluem a nota pedindo a redução imediata dos juros “e a implementação de uma política que priorize a retomada do investimento, o crescimento da economia, a geração de emprego, a redução da desigualdade social, o combate à pobreza e a distribuição de renda”.
A decisão do Copom sai na noite de quarta-feira. Atualmente, a taxa básica (Selic) está em 13,75% ao ano, e há previsão de novo aumento. Amanhã, às 10h, a CUT faz protesto diante do Ministério da Fazenda, em Brasília. No mesmo horário, em São Paulo, as centrais organizam manifestação diante da sede do Banco Central, na Avenida Paulista.
Calendário
Em reunião da direção executiva, na semana passada, a CUT também aprovou um calendário de atividades para o segundo semestre, que começa justamente com o ato diante da Fazenda. A central afirma que “não aceita o retrocesso nas conquistas obtidas pela população brasileira nos últimos 12 anos causado pela adoção errática de uma política macroeconômica neoliberal e recessiva, assim como reagirá com veemência a qualquer tentativa que coloque em risco a democracia no Brasil”.
Em 11 e 12 de agosto, será realizada a Marcha das Margaridas, com trabalhadoras rurais, em Brasília. Para o dia seguinte está previsto, ainda sem confirmação, um encontro dos movimentos sociais com a presidenta Dilma Rousseff.
Além de debate sobre a conjuntura, nos dois primeiros dias do mês, setembro também terá um ato internacional para “denunciar o golpe”, em referência a possíveis ameaças à democracia. No dia 4, movimentos se reúnem em Belo Horizonte para um encontro que discutirá uma Constituinte exclusiva sobre o sistema político. Nos dois dias seguintes, as entidades farão uma conferência.