Lama, lucro e morte nas minas
“A legislação minerária precisa mudar. Ela só propicia mortes de trabalhadores, crimes ambientais e lucros espetaculares para as empresas do setor. Mas é uma batalha muito difícil, pois os ricos empresários do setor financiam os políticos, que lhes são fiéis”. A denúncia foi feita pelo coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, durante o debate “A lama, o lucro e a morte no noticiário ambiental do Brasil”, promovido pela União Nacional dos Estudantes (UNE), quinta-feira, 11, durante seu congresso (Conune), na Universidade de Brasília (UnB), na Capital Federal.
Gilson, que também é vereador (PCdoB) em Belo Horizonte, condenou a ação da Vale, responsável pelos crimes ecológicos em Brumadinho e Mariana, que causou mortes e devastou o meio ambiente. “Não foram desastres, não foram acidentes, foram crimes causados pela ânsia de lucro da empresa que tem total desprezo pelas vidas humanas e pela natureza”, acusou. Para ele, “Minas Gerais não é a terra das minas, mas a caixa d’água do Brasil. Inclusive seu nome deveria ser Águas Gerais”.
Carine Guedes, coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens de Minas Gerais, expôs a falta de compromisso da Vale com seus trabalhadores e com os habitantes das regiões atingidas pelos rompimentos das barragens. “Até hoje, quase 4 anos depois do crime em Mariana, nenhuma casa foi reconstruída. Os habitantes foram lançados à própria sorte”, relatou.
Coordenadora da Articulação de Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara considerou o rompimento das barragens “um crime contra a humanidade. A mineração destrói o meio ambiente, contamina as águas, traz prejuízo à vida das comunidades – só beneficia as grandes corporações. O povo krenak nasceu às margens do Rio Doce e suas águas continuam contaminadas. Os krenak não podem bebê-las, nadar ou pescar nelas. São vidas alteradas”.
O senador Jean-Paul Prates (PT-RN) também responsabilizou as mineradoras por crimes ambientais e contra a humanidade e falou da imensa força política que elas têm no Congresso Nacional. “Mas nossa luta tem o poder de mudar, de reverter o quadro de forças nefasto que estamos vivendo. Graças à tecnologia de ponta que já desenvolveu na área minerária, o Brasil pode liderar uma mudança mundial na construção de barragens”, afirmou.
Durante os debates, universitários do Movimento Nacional contra as Barragens, da Frente Brasil Popular e do Levante Popular da Juventude realizaram um ato artístico-político denunciando os crimes da Vale.
Carlos Pompe