Lançamento do Blogosfêmea: espaço na luta pela emancipação
Preconceito, discriminação, desigualdade e violência são, lamentavelmente, substantivos comuns na história da humanidade. E a mulher, ao longo de sua trajetória, sofreu perdas e humilhações devido a todos eles. Na verdade, ainda sofre.
No ambiente do trabalho, a mulher trabalhadora enfrenta dia a dia, muitas vezes, cargas horárias maiores – haja vista jornadas duplas e até triplas que precisam desempenhar para conciliar seus empregos aos cuidados com a casa e com a família, aos quais se dedicam, cultural e historicamente, mais do que os homens – e com salários inferiores desempenhando a mesma função.
Mesmo com uma categoria formada por uma imensa maioria de mulheres, as trabalhadoras da educação ainda têm que enfrentar um ambiente político e sindical marcado por uma tradição fortemente masculina, na qual ainda sobrevivem resquícios do machismo, do conservadorismo e do patriarcalismo.
Todavia, o dia 8 de março é um símbolo da luta pela emancipação da mulher e contra a discriminação de gênero. No Brasil, muitos espaços foram conquistados ao longo dos últimos anos. Em 2012, ano da comemoração dos 80 anos do voto feminino no país, foi a primeira vez, desde o estabelecimento das cotas de gênero em 1997 (Lei 9.504), que as candidaturas femininas superaram o piso legal de 30%, o que mostra um resultado positivo das políticas pela igualdade representativa das mulheres, embora muito ainda precise ser feito para chegarmos a um patamar equitativo. Dois anos antes, em 2010, tivemos o marco histórico da eleição da presidenta Dilma Rousseff como primeira mulher a governar o país. Sua gestão trouxe ainda um número recorde de ministras de Estado, de modo que as mulheres ocupam hoje dez pastas do primeiro escalão do governo federal.
A Contee também já deu mostras de seu protagonismo nesta frente pela conquista da representatividade das mulheres. Logo no primeiro congresso da Confederação, em 1991, criamos uma pasta específica para as questões da mulher trabalhadora, a então Secretaria para Assuntos da Mulher, à frente da qual esteve a professora Lucia Rincon. Atualmente também temos uma mulher na dianteira da Secretaria de Gênero e Etnia, a professora Rita Fraga, idealizadora do projeto do Blogosfêmea que a Confederação lança neste 8 de março em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
Esses são exemplos de como a Contee, desde sua fundação, tem trabalhado para que os sindicatos e federações fortaleçam suas secretarias da mulher, desenvolvam atividades educativas contra a discriminação e aumentem a representatividade das mulheres nas direções. A Contee, ao longo dos seus mais de 20 anos, vem aumentando significativamente, a cada congresso, o número de mulheres na sua direção – o que demonstra um fortalecimento da representatividade feminina na luta trabalhista e sindical – e há uma década tem uma mulher como coordenadora-geral.
O Blogosfêmea lançado hoje se constitui como mais um instrumento de mobilização das trabalhadoras e trabalhadores da educação em prol da equidade entre homens e mulheres e pelo aumento da representatividade das mulheres em todas as instâncias – no trabalho, na política, nos movimentos sindicais e sociais. Este blog será um espaço das mulheres e dos homens que lutam pela emancipação.
Neste momento em que, tristemente, o Brasil, apesar de ter uma avançada legislação no setor – a Lei Maria da Penha –, ainda ocupa o sétimo lugar entre 84 países com o maior índice de feminicídio, o lançamento deste blog como um espaço de interlocução entre as trabalhadoras, trabalhadores e entidades nas questões de gênero representa também um gesto de enfrentamento à exploração sexual e social e à violência contra a mulher.
Com o Blogosfêmea, a Contee mais uma vez reforça sua abertura aos debates sobre esta causa. A emancipação da mulher é uma bandeira que deve ser hasteada por toda a sociedade.
Madalena Guasco Peixoto
Coordenadora Geral da Contee