Lavar as mãos na escola é tarefa impossível para 16 milhões de alunos

Dados ainda indicam que 15% das escolas brasileiras não têm acesso a abastecimento de água

Em meio ao debate sobre a reabertura das escolas diante da covid-19, a OMS e a Unicef apresentam um novo informe no qual revelam que 6 milhões de crianças no Brasil frequentam estabelecimentos de ensino sem acesso à água tratada. Dois milhões nem sequer têm serviços sanitários básicos. No total, há 16 milhões de alunos não contam com escolas com água e sabão para lavar as mãos.

Os dados, publicados nesta quarta-feira (12), fazem parte de um levantamento que revela que, se de fato governos querem reabrir suas escolas de maneira segura, um primeiro passo é conseguir que alunos e professores tenham acesso à higiene básica. No caso brasileiro, as entidades cruzam dados do Censo Escolar e da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar.

No mundo, as entidades internacionais apontam que 43% das escolas não tinham acesso à infraestrutura básica para lavar as mãos com água e sabão em 2019. Para a OMS, essa é “uma condição fundamental para que as escolas possam operar com segurança no meio da pandemia da covid-19”.

“O fechamento global de escolas desde o início da pandemia da covid-19 apresentou um desafio sem precedentes para a educação e o bem-estar das crianças”, disse Henrietta Fore, diretora-executiva da Unicef. “Devemos priorizar o aprendizado das crianças. Isto significa garantir que as escolas sejam seguras para reabrir – inclusive com acesso à higiene das mãos, água potável limpa e saneamento seguro”, defendeu.

Conforme o relatório, 818 milhões de crianças não têm instalações básicas para lavar as mãos em suas escolas pelo mundo, o que as deixa em maior risco de Covid-19 e outras doenças transmissíveis. Nos países menos desenvolvidos, sete em cada dez escolas carecem de instalações básicas para lavar as mãos – e metade dos colégios carece de saneamento básico e serviços de água.

Além disso, 355 milhões de crianças foram para escolas que tinham instalações com água, mas sem sabão. Outras 462 milhões de crianças estavam em escolas que não tinham instalações ou água disponível para lavar as mãos. “O acesso à água, saneamento e serviços de higiene é essencial para a prevenção e controle efetivo de infecções em todos os ambientes, inclusive nas escolas”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Deve ser um foco principal das estratégias governamentais para a reabertura e operação segura das escolas durante a pandemia.”

Segundo o levantamento, nos 60 países com maior risco de crise sanitária e humanitária devido à Covid-19, três em cada quatro crianças não tinham serviço básico para lavar as mãos em suas escolas no início do surto. Metade de todas as crianças não tinha serviço básico de água e mais da metade não tinha serviço básico de saneamento básico.

De acordo com a Unicef e a OMS, 287 milhões de crianças no mundo contam com escolas sem serviço de água potável. Mais da metade delas (164 milhões) estão na África. Isso representa um problema real em 15% das escolas em todo o mundo.

No caso da América Latina e no Caribe, 24 milhões de crianças estão afetadas e, no Brasil, esse número chega a 6 milhões. Dados ainda indicam que 15% das escolas brasileiras não têm acesso a abastecimento de água. Há, ainda, 15 milhões de brasileiros residentes em áreas urbanas não têm acesso à água tratada, conforme a OMS e o Unicef. Em áreas rurais, 25 milhões gozam apenas de um nível básico desses serviços, enquanto e 2,3 milhões usam fontes de água não seguras para consumo humano e higiene pessoal e doméstica.

Privilégio

No Brasil, o levantamento indica que mais de um terço das escolas não conta com um sistema de higiene adequado. Ou seja, sem serviços básicos para lavar a mão. Essa realidade atinge 39% dos estabelecimentos de ensino no País, onde estudam 16 milhões de jovens.

No mundo, em 2019, 19% das escolas tinham um serviço de higiene limitado, ou acesso a instalações para lavar as mãos com água, mas sem sabão, afetando globalmente 355 milhões de crianças em idade escolar. Apenas 25% das escolas latino-americanas tinham um acesso a um serviço de higiene limitado.

O documento também revela que 2 milhões de crianças brasileiras frequentam escolas sem serviço de saneamento. A taxa de escolas nessa situação é de 5% – o equivalente a 7 mil colégios. Mais de 100 milhões de pessoas não possuem acesso a uma rede segura. Desse total, 21,6 milhões usam instalações inadequadas, e 2,3 milhões ainda defecam a céu aberto. Apenas 19% das escolas públicas têm acesso ao abastecimento de água.

No mundo, em 2019, quase uma em cada cinco escolas em todo o mundo (19%) ainda não tinha serviço de saneamento e ou tinha instalações sanitárias inadequadas. É um total de 698 milhões e crianças afetadas. Em 14 países, mais de um terço das escolas não tinha serviço.

Segundo Ítalo Dutra, chefe de Educação da Unicef no Brasil, a recomendação do órgão é que estabelecimentos de ensino implantem estratégias de higiene para que possam reabrir de forma segura diante da Covid-19. A Unicef – diz ele – tem mantido contatos e diálogo com autoridades brasileiras neste sentido.

Vermelho

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