“Legar futuro mais avançado” a partir de Lula 3, diz Walter Sorrentino

Na primeira reunião presencial da Diretoria Plena da Contee depois da pandemia, realizada nestas quinta e sexta-feira (14), em Brasília, na sede da Confederação, a parte inicial foi dedicada a entender a conjuntura política nacional, a partir das intervenções do dirigente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, e da deputada federal Érika Kokay (PT-DF).

Segundo Sorrentino, o Brasil vive “momento privilegiado”, porque o pensamento progressista, na opinião dele, “retomou a ofensiva” do debate político, social e econômico, a despeito de todas as dificuldades que ainda persistem. Agora é possível debater o “futuro” sob a égide do governo Lula, destacou.

A vitória de Lula em outubro passado permite “elevar as condições materiais e espirituais” do povo brasileiro. E, assim, “abrir novo ciclo” mais dinâmico de diálogo social. Na compreensão de Sorrentino, o “fator mais dinâmico é o início do novo governo”.

Nesse processo, vê-se claramente que os “setores conservadores buscam manietar a vitória de Lula”. É o tom da disputa política em curso, que se dá sob radicalização da extrema direita, que é violenta e está disposta a tudo para interromper o ciclo vitorioso com que começa o terceiro mandato de Lula.

Ampla frente democrática

O dirigente do PCdoB destacou que a vitória de Lula se deu por meio de “ampla frente democrática”. Mas que, ao mesmo tempo, houve a eleição de governadores de oposição em importantes estados brasileiros. Foi o caso, por exemplo, de São Paulo.

Isso, segundo o dirigente político, dá “sentido político ao governo constituído por ampla força política, nucleada pelo PT”.

“O governo [eleito] herdou [enorme] hecatombe”, pois Bolsonaro legou para Lula crise profunda na saúde e na educação, além da crise sanitária com a pandemia, cuja condução pelo governo anterior foi trágica.

O governo enfrenta “carga tributária exagerada” e “crise federativa”, pontificou o dirigente.

Começo vigoroso

O governo do presidente Lula, na visão de Sorrentino, “começou com grande vigor”; Ele chamou a atenção, porém, para o fato de os “desafios estão apenas no começo, cuja travessia será [sobre] mar revolto”. Isso porque, no entendimento do dirigente político, “o povo está dividido e a sociedade [continua] polarizada”.

Então, vai ser necessário “deslindar novos rumos para abrir novo ciclo [político]”, compreende o dirigente do PCdoB. E o “obstáculo maior está na economia”, delineou. Vai ser preciso construir “maioria política”, a fim de superar os obstáculos pós vitória nas urnas para votar matérias relevantes no Congresso Nacional.

Ele apontou alguns gargalos, como a necessidade de “agilizar a comunicação para enfrentar a luta de ideias e a guerra cultural” que se trava na sociedade brasileira, em que a extrema direita quer impor à força visão de mundo totalmente manietada.

Economia em frangalhos

Se no plano político, a despeito dos problemas, as margens de manobra são amplas, no plano econômico, é diferente.

O governo apresentou o chamado “novo arcabouço fiscal” para alterar as limitações de investimentos impostos pelo Teto de Gastos aprovado em 2017, sob o governo golpista de Michel Temer (MDB). O propósito, segundo Sorrentino, é “retomar os investimentos públicos para alavancar os investimentos privados”.

Para isto, é preciso “lutar pelo êxito do governo Lula, sob frente ampla democrática, cuja expressão de força é a crítica franca para acertar mais e errar menos”, pontificou. Para isso, o “plano estratégico”, segundo o dirigente político, é “construir estratégia para o desenvolvimento soberano, com velocidade e clareza de onde queremos chegar”.

A centralidade desse problema é o “conflito distributivo”, apontou. Em razão disso, é preciso “elevar a centralidade do trabalho, do emprego e da renda” dos brasileiros para que se coloque a economia nacional e nova e positiva dinâmica.

Nessa quadra, segundo Sorrentino, portanto, “ser de esquerda consequente é realizar essa travessia”, a fim de “legar futuro mais avançado”, a partir deste terceiro mandato de Lula.

Marcos Verlaine

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