Líder da RPD diz que situação em Donbass é comparável ao bombardeio da OTAN na Iugoslávia
Falando com exclusividade para a Sputnik, o chefe da República Popular de Donetsk (RPD), Denis Pushilin, explicou quais são as dificuldades no Donbass, palco de uma crise humanitária “ignorada” pelo Ocidente há muitos anos.
“A situação no Donbass é comparável à da Iugoslávia durante os bombardeios da OTAN [Organização do Tratado Atlântico Norte] em 1999”, disse o chefe da RPD, Denis Pushilin, em uma fala que resume o desalento na região.
Em uma entrevista para a Sputnik Sérvia, Pushilin disse que a República Popular de Donetsk enfrenta todos os tipos de crimes de guerra dos batalhões ultranacionalistas da Ucrânia, enquanto busca a retirada de civis pelos corredores humanitários.
“Dos oito anos em que enfrentamos a agressão armada ucraniana, sabemos que podemos esperar qualquer coisa dos batalhões nacionalistas. O regime de Kiev está intensificando seu terrorismo“, comentou.
Pushilin falou ainda sobre os recentes relatos do uso de civis pelos combatentes Azov como escudos humanos nas cidades sitiadas.
“Eles organizaram o caos impunemente, escondendo-se atrás da população civil. Agora, eles não estão permitindo que a população civil deixe as cidades”, afirmou.
Em sua entrevista, Pushilin apresentou o cenário de uma região em constante conflito desde 2014. Ele explicou que, “em Mariupol e em outras cidades, estamos vendo o quadro real de suas atrocidades. Durante todos os anos de conflito, a mesma coisa aconteceu em nossa terra [Donbass]”.
A Rússia e seus aliados da República Popular de Donetsk e Lugansk iniciaram uma operação militar na Ucrânia no final de fevereiro, após semanas de escalada de bombardeios, franco-atiradores e ataques de sabotagem das forças de Kiev.
A crise de segurança é o culminar de uma calamidade que começou em 2014, quando forças apoiadas pelo Ocidente derrubaram o governo da Ucrânia em um golpe.
“Quando liberamos assentamentos, vemos que as pessoas vivem em um desastre humanitário. Infelizmente, a situação no Donbass tem muito em comum com a da Sérvia quando estava sendo bombardeada pela OTAN. E as mesmas partes interessadas estão por trás desses crimes. É o mesmo cenário”, sugeriu Pushilin.
Ele disse que as formações ucranianas deixam “destruição e medo em seu rastro“, enquanto se retiram de suas posições, eliminando eletricidade, água e até mesmo as comunicações.
“As pessoas ficam exultantes quando encontram as forças da RPD e da Rússia. Imediatamente começamos a reconstrução. As pessoas têm esperança de uma paz rápida e um retorno à vida normal”, disse Pushilin.
Operação militar liderada pela Rússia não veio do nada
Autoridades e meios de comunicação ocidentais passaram mais de uma semana acusando a Rússia e seus aliados do Donbass de um ato não provocado e inesperado de “agressão” contra a Ucrânia, sugerindo que não havia justificativa para a operação militar iniciada em 24 de fevereiro.
Pushilin não compartilha dessa visão. “Até o final do ano passado e o início deste ano, a Ucrânia estava concentrando forças ao longo das linha vermelhas, enquanto entregas maciças de armas estavam sendo feitas para Kiev dos Estados Unidos e dos países da OTAN”, comentou.
munições e pequenas bombas. “Toneladas de armas foram injetadas na Ucrânia e transferidas com urgência para o Donbass”, disse Pushilin.
Isso foi seguido por “bombardeios, provocações e ameaças de ataques químicos“, disse ele, acrescentando que a inteligência do RPD mostrou que Kiev havia feito todos os preparativos necessários para uma ofensiva militar total em Donbass.
Desde o início das operação especial militar da Rússia na Ucrânia, a Sputnik relatou que cerca de 2.000 toneladas de armas modernas, munições e equipamentos de proteção foram fornecidos à Ucrânia no primeiro mês e meio de 2022.
Além disso, de acordo com o serviço de inteligência russo, países da OTAN estão enviando terroristas estrangeiros para a Ucrânia. Alguns deles teriam recebido treinamento em Al-Tanf, uma base na Síria controlada pelos EUA.
Pushilin revelou que no espaço de 16 dias de escalada em fevereiro, antes que as forças lideradas pela Rússia iniciassem sua operação militar para desmilitarizar a Ucrânia, Kiev realizou quase 800 ataques contra cidades no Donbass, usando todos os calibres de armas, incluindo as táticas Tochka-U, mísseis e artilharia de foguetes BM-21 Grad.
Esses ataques mataram 26 civis e feriram outros 109, incluindo sete crianças. Cerca de 514 casas e blocos de apartamentos foram danificados, juntamente com 198 peças de infraestrutura civil, incluindo hospitais, escolas e infraestrutura crítica, desde estações de eletricidade, água e até gás.
O reconhecimento de Moscou tornou-se um ponto de partida para as mudanças que o Donbass esperava “há oito longos anos”, destacou Pushilin, acrescentando que o povo da RPD e da RPL “experimentaram sentimentos de alegria e gratidão” pela decisão da Rússia.
Pushilin diz que 39 assentamentos foram libertados das forças de Kiev durante a operação militar iniciada em 24 de fevereiro.
“Precisamos empurrar os militares ucranianos e seus armamentos mortais para longe de nossas cidades, para que as pessoas possam finalmente viver em paz e calma”, concluiu o chefe da RPD.
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