Lula chega ao Japão para ampliar parcerias comerciais

Visita tem como foco a ampliação das relações comerciais entre os países e avanço das negociações para um acordo entre o Mercosul e Japão

A visita oficial foi recebida com um toque cultural inovador: o Itamaraty e o Governo Federal compartilharam nas redes sociaisilustrações em mangá destacando os compromissos do chefe de Estado durante sua estadia no país.

Durante os dias em Tóquio, Lula deve focar em ampliar as relações comerciais entre Brasil e Japão, especialmente no que se refere à exportação de carne bovina e suína brasileira e ao avanço das negociações para um possível acordo entre o Mercosul e o governo japonês.

Esses temas são prioritários para o agronegócio brasileiro, setor que pressiona por maior acesso aos mercados asiáticos. No entanto, produtores locais japoneses têm manifestado preocupação com a concorrência de produtos brasileiros, o que pode dificultar as negociações.

Além dos encontros voltados ao comércio, o presidente terá uma série de compromissos diplomáticos de alto nível. Lula deve ser recebido pelo Imperador Naruhito e pela Imperatriz Masako no Palácio Imperial, além de participar de reuniões com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, no Palácio Akasaka. O mandatário brasileiro também estará presente no Fórum Empresarial Brasil-Japão, evento que busca fortalecer parcerias estratégicas entre empresas dos dois países.

Os números do comércio bilateral mostram a importância do Japão para o Brasil. Em 2024, as exportações brasileiras para a Ásia somaram US$ 144 bilhões, correspondendo a 42,8% do total das vendas externas do país. A China lidera esse ranking, concentrando 28% das exportações brasileiras, enquanto o Japão responde por 1,7%. Apesar disso, houve uma queda de 15% nas exportações brasileiras para o Japão entre 2023 e 2024, reflexo de desafios econômicos e comerciais enfrentados pelos dois lados.

O fluxo comercial entre Brasil e Japão atingiu US$ 11 bilhões em 2024, com um superávit de US$ 146 milhões para o Brasil. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil ao Japão estão minério de ferro, carne de frango e soja em grãos. Já o Japão vende ao Brasil produtos industrializados de alto valor agregado, como máquinas, equipamentos, semicondutores e veículos.

Após sua passagem pelo Japão, Lula seguirá para o Vietnã. Na agenda, estão previstos encontros com autoridades, como o secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, To Lam, o primeiro-ministro Pham Minh Chính e o presidente Luong Cuong. O objetivo é consolidar laços diplomáticos e explorar novas oportunidades de cooperação econômica e política. O retorno ao Brasil está programado para sábado (29).

A viagem à Ásia faz parte de uma estratégia abrangente do governo brasileiro para diversificar suas parcerias internacionais e superar os desafios impostos pela guerra comercial entre China e Estados Unidos, os dois maiores parceiros comerciais do Brasil. A crise tarifária promovida pelos EUA tem gerado apreensão no governo brasileiro, que já foi impactado pelo aumento das taxas de exportação sobre produtos como aço e alumínio. Há ainda temores de que outros setores sejam afetados, colocando o Brasil em uma posição vulnerável no cenário global.

A comitiva presidencial inclui figuras-chave do Legislativo brasileiro, como o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Sua presença reforça o compromisso do governo em alinhar os poderes Executivo e Legislativo em questões de política externa e promoção comercial.

Esta missão internacional marca um esforço contínuo do governo Lula para reposicionar o Brasil no cenário global, fortalecendo sua inserção em mercados estratégicos e buscando equilibrar as relações com potências econômicas rivais. Além disso, demonstra a disposição do Brasil em expandir seus laços não apenas com parceiros tradicionais, mas também com nações emergentes, como o Vietnã, que podem se tornar aliados relevantes no futuro.

Combinando diplomacia e economia, a visita de Lula ao Japão e ao Vietnã representa mais do que uma agenda comercial: é uma tentativa de projetar o Brasil como um ator relevante no tabuleiro geopolítico global, capaz de navegar pelas complexidades das disputas internacionais e construir pontes em meio às tensões globais.

Da TVT News

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