Lula critica Reforma Trabalhista após PT prometer revogação

Em encontro com sindicalistas, ex-presidente rejeitou a ideia de “mudar tudo e voltar ao que era antes”; revogação da contrarreforma de Temer foi aprovada como proposta pelo diretório do partido no dia anterior

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a chamada Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17) durante discurso a sindicalistas, nesta quinta-feira (14), um dia após o PT, depois de reunião do diretório nacional, sugerir a revogação da contrarreforma, aprovada no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), em 2017.

Lula comentava sobre documento apresentado pelas centrais sindicais na Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), no último dia 7, e afirmou querer montar “mesa de negociação” com representações patronais para debater novo marco legal das relações de trabalho.

O ex-presidente também voltou a comentar sobre a revisão da reforma trabalhista da Espanha para criticar o modelo brasileiro, e citou direitos de trabalhadores de aplicativos de entrega entre os exemplos.

Crítica às contrarreformas neoliberais

“Fizemos uma reunião com o governo da Espanha. Lá eles mudaram a reforma trabalhista que tinha destruído o direito deles em 2012 e fizeram um acordo que garanta ao trabalhador de aplicativo até o conhecimento do algoritmo que trata da situação deles”, exemplificou.

Ao falar sobre o Brasil, Lula disse que a Reforma Trabalhista tentou achar “uma solução com o trabalho intermitente, fazendo com que o trabalhador não tenha direito”. Depois, voltou a criticar a proposição de reformas no geral, citando também a mudança das leis previdenciárias de 2019.

“Toda vez que ouço reforma, penso que coisas vão melhorar — reformar um carro é para melhorar, uma casa é para melhorar. Toda vez que eles falam em reforma, é para destruir alguma coisa que o povo trabalhador conquistou neste País”, disse.

Novos marcos legais

Em documento aprovado pelo diretório nacional do PT, nesta quarta-feira (13), ficou determinado que o partido iria indicar a ideia de novo modelo de legislação aos demais partidos. Internamente, membros do PT dizem que, em eventual novo governo Lula, haverá a proposta de nova reforma e de novo marco regulatório, com legislação mais moderna, para proteger os trabalhadores.

“Defendemos a revogação da contrarreforma trabalhista feita no governo Temer, e implementar uma nova reforma trabalhista feita a partir de negociação tripartite [trabalhadores, empresários e governo] que proteja trabalhadores, recomponha direitos, fortaleça a negociação coletiva e a representação sindical e dê especial atenção aos trabalhadores informais e de aplicativos”, está escrito em trecho do documento.

No discurso aos dirigentes sindicais, Lula rejeitou a ideia de “mudar tudo e voltar ao que era antes”, acrescentando que deseja “adaptar uma nova legislação trabalhista a uma legislação atual”. “Não queremos voltar a 1943, queremos um acordo em função da realidade dos trabalhadores em 2023, 2024, 2030. A gente quer avançar”, declarou.

Vice: Geraldo Alckmin

Aprovado pelo PT para ser pré-candidato à vice-presidência na chapa de Lula, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também participou do evento ao lado de Lula.

Entidades sindicais de diversos segmentos, como petroleiros, bancários e de trabalhadores rurais, entre outras, apresentaram demandas aos pré-candidatos.

O lançamento oficial da chapa Lula-Alckmin para as eleições está previsto para 7 maio.

Marcos Verlaine

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