Lula defende educação como ‘arma’ para vencer as desigualdades do país
Brasília – Em Ato Nacional pela Educação, organizado pelo PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na última sexta-feira (14) a educação como forma de vencer as desigualdades do país e disse que o governo petista deve “dar o exemplo e se engajar ao máximo no PNE (Plano Nacional de Educação)”.
O PNE foi sancionado no ano passado pela presidenta Dilma Rousseff. O plano define metas e estratégias para melhorar a educação nos próximos dez anos. As metas vão desde a creche até a pós – tratam da valorização dos professores e do financiamento da educação.
Referindo-se ao discurso de quinta-feira (13) do presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, Lula disse que o PNE “é a grande arma que a CUT tem que usar para mudar a história desse país”. Em cerimônia no Palácio do Planalto, Freitas disse que a CUT iria para as ruas “com armas na mão, se tentarem derrubar a presidenta Dilma”.
O ex-presidente da República disse ainda que a população deve conhecer o PNE. As metas, segundo ele, deveriam estar nos ônibus, nas igrejas, nos locais públicos. Ele também destacou algumas e, dirigindo-se ao ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, disse que a inclusão de todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos nas escolas deve ser feita até o ano que vem. “Vamos ter que conversar com os governos estaduais e municipais”, disse Lula, acrescentando que a discussão não deve ser a falta de dinheiro, mas a busca por fontes de recursos.
“Como pode em uma mesma cidade uma escola ser boa e a outra não? Será que são os alunos que são mais espertos? Como pode no Piauí, o estado com mais dificuldades do país, ter resultados na escola pública melhores que São Paulo? Temos de discutir, comparar, compartilhar e mostrar que este país não nasceu para ser atrasado”, afirmou Lula, para quem “atrasado é quem governa e pensa a educação para apenas 30% da população”. “Essa é a forma mais perversa de alimentar a desigualdade social”, completou.
Além do ministro da Educação, participaram do ato o prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) e do ex-deputado federal Angelo Vanhoni, relator do PNE na Câmara. Também estavam presentes representantes de entidades estudantis e de profissionais da educação.
Lula relembrou que a desatenção com a educação é um problema histórico do Brasil. “Quando chegamos ao governo e fizemos o Reuni, tinha reitor de universidade federal que não tinha dinheiro para cortar a grama. Fizemos o Fundeb porque, embora o governo anterior tenha universalizado o ensino fundamental, eles esqueceram que o jovem depois quer ir para o segundo grau. No Nordeste, nove estados não tinham ensino profissionalizante”, contou. O ex-presidente frisou que a solução para reverter esse atraso é o investimento do pré-sal, cujos royalties (75%) serão destinados à educação pública.
Antes da fala de Lula, a senadora Fátima Bezerra já havia alertado que há ameaça a essa iniciativa, por conta de projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP) que retrocede as regras de exploração do petróleo ao modelo anterior aos governos do PT. “Tratam-se de recursos muito valiosos e finitos, que devem servir ao futuro do país. Quando eles avançam contra esse reforço ao investimento na educação pública, não estão contra um partido, mas contra um projeto de país”, afirmou.
O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, também ressaltou que defender essas conquistas e o investimento futuro na educação é “uma missão de todos os brasileiros”. “A Pátria Educadora que queremos construir é uma pátria que promove a cultura de paz. Em que os conflitos são resolvidos sem violência, em que não há discriminação por sexo, cor ou classe social. Um país que valoriza sua cultura, e tem, por meio de suas manifestações culturais, alegria de aprender”, afirmou.
Protestos contra cortes orçamentários
Na entrada do Centro de Convenções Meliá Brasil 21, onde ocorreu o Ato Nacional pela Educação, um grupo de profissionais da educação em greve protestou contra os cortes orçamentários, que chegam a R$ 10,6 bilhões em educação. Entre as reivindicações dos grevistas, está o reajuste salarial de 27,3%, uma educação pública, gratuita e de qualidade e a valorização dos profissionais da educação.
Os trabalhadores alegam que algumas das reivindicações não exigem mais recursos e eles pedem uma postura mais firme do Ministério da Educação (MEC) para que elas sejam atendidas. A intenção do protesto era chamar atenção do ministro da Educação. Janine não se encontrou com os trabalhadores, mas tem reiterado que o MEC está aberto para o diálogo.
À imprensa, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse que acredita que o ambiente político está melhorando para a presidenta Dilma Rousseff. Ele aponta como motivos o diálogo com os movimentos sociais, por meio das reuniões que ocorreram nesta semana, a atuação de Lula e do PMDB e indícios de melhora na economia.
Sobre protestos contra o governo agendados pelas redes sociais para ontem (16) em diversas partes do país, ele diz que as manifestações fazem parte do jogo democrático. Para o dia 20, estão agendadas manifestações pró-governo: “Vamos investir para que haja uma grande manifestação em solidariedade ao governo e, principalmente, em defesa da democracia”.