Lula e Alckmin repudiam racismo contra Vini Jr. e prestam solidariedade

Presidente da República e vice defenderam providências urgentes contra os ataques ao jogador

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em discurso no G7 — a cúpula dos 7 países mais ricos do mundo — repudiou veemente os ataques racistas sofridos pelo jogador brasileiro na Espanha, Vini Jr.

Lula iniciou seu discurso no encerramento do G7, em Hiroshima, no Japão, falando sobre o ataque racista vivido pelo jogador Vini Jr. durante partida entre o Real Madrid e o Valência, no estádio de Mestalla, na tarde deste domingo (21).

O chefe do Executivo pediu para que “sérias providências” sejam tomadas para acabar com o racismo no futebol.

“Quero começar a entrevista fazendo um gesto de solidariedade ao jogador brasileiro, jovem, negro, que joga no Real Madrid, que no jogo no estádio do Valencia, foi fortemente atacado sendo chamado de macaco. Não é possível que quase no meio do século 21 a gente tenha o preconceito racial tomando força em vários estádios de futebol na Europa”, disse Lula.
No discurso, o presidente ressaltou que Vini Jr. é um dos melhores jogadores da atualidade e pediu para que a La Liga — liga espanhola de futebol profissional — tome alguma providência para frear ataques racistas.

“Não é justo que um menino pobre, que venceu na vida, que está se tornando um dos melhores jogadores do mundo, do Real Madrid certamente ele é o melhor, seja ofendido em cada estádio que ele comparece”, discursou Lula.

“Eu penso que é importante que a Fifa, que a liga espanhola, que a liga de outros países, tome sérias providências, porque nós não podemos permitir que o fascismo tome conta, e o racismo, dentro dos estádios de futebol”, concluiu Lula.

ALCKMIN

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), presidente em exercício, classificou como “inaceitáveis” os ataques racistas sofridos pelo jogador brasileiro durante partida no campeonato espanhol neste domingo (21).

Alckmin disse que o racismo precisa ser ativamente combatido e rechaçado “em todos os cantos do mundo”.

Alckmin manifestou o apoio dele à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que anunciou, no domingo, que a pasta e outros órgãos do governo federal estão em contato com autoridades espanholas e com a Liga, entidade responsável pelo campeonato espanhol, para tratar do ataque sofrido por Vini Jr.
“São inaceitáveis os ataques racistas sofridos por @vinijr durante o campeonato espanhol de futebol. O racismo deve ser combatido ativamente e rechaçado em todos os cantos do mundo. Todo o apoio à ministra @aniellefranco nas providências a serem tomadas”, escreveu o vice-presidente na conta dele no Twitter.

NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ

O atacante foi, mais uma vez, vítima de racismo. Ao todo, o brasileiro já sofreu com 11 casos de racismo no país em menos de 2 anos — 1 ano e 7 meses para ser exato. Veja a lista abaixo:

24/10/21 – Barcelona x Real Madrid – O primeiro caso aconteceu em outubro de 2021, em clássico contra o Barcelona. Na ocasião, Vini Jr. foi insultado pelos torcedores pouco após ser substituído, no segundo tempo. Como resposta, o brasileiro apontou para o placar: o Real vencia por 1 a 0. A situação foi denunciada ao departamento que analisa crimes de ódio no Ministério Público de Barcelona.

14/03/22 – Mallorca x Real Madrid – Quase 5 meses depois, novamente outro incidente. Torcedores do Mallorca foram flagrados insultando o jogador durante a partida, os mais exaltados chegaram a pedir ao atacante para “pegar bananas”, em clara referência preconceituosa. Sons de macaco também foram ouvidos no estádio.

18/09/22 – Atlético de Madrid x Real Madrid – Antes de clássico contra o Atlético de Madrid, em setembro do ano passado, Vini Jr. foi alvo de racismo em programa de TV muito popular na Espanha, por dançar nas comemorações de gols. O jornalista Pedro Bravo no programa “Chiringuito Show” chegou a declarar “pare de fazer macaquices”.

“Tem que respeitar ao contrário, se quer dançar samba, vá fazer isso no Brasil. Aqui, tem que respeitar seus companheiros de profissão e deixar de ser macaco”, declarou Bravo.

A situação deu início ao movimento “Baila, Vini”, que teve apoio de diversas estrelas do futebol mundial, sempre ao lado do atacante. No dérbi, Vinicius não marcou nenhum gol, mas comemorou o tento de Rodrygo com passos de dança, apesar da irritação dos torcedores colchoneros.

30/12/22 – Real Valladolid x Real Madrid – No final do ano passado, alguns torcedores chamaram Vinícius Junior de “negro bastardo” e “negro m…”, no estádio José Zorrilla. Na ocasião, o time merengue venceu por 2 a 0, e o atacante acabou vítima de ofensas racistas. O clube de Ronaldo Fenômeno abriu processo interno com 11 identificados e retirou os ingressos da temporada.

Após o jogo, o camisa 20 desabafou contra a situação e pediu postura mais enfática de La Liga. “Os racistas seguem indo aos estádios e assistindo ao maior clube do mundo de perto e a La Liga segue sem fazer nada… Seguirei de cabeça erguida e comemorando as minhas vitórias e do Madrid. No final a culpa é MINHA”, reclamou Vini.

26/01/23 – Incidente antes de Real Madrid x Atlético de Madrid – Mais 1 caso de racismo e novamente contra o Atlético de Madrid. Vini Jr. foi alvo de cena grotesca: torcedores colchoneros penduraram boneco enforcado em ponte na cidade de Madri. A La Liga apresentou queixa ao Tribunal de Instrução de Madri. O processo segue em andamento para identificar responsáveis.

5/02/23 – Mallorca x Real Madrid – Novamente contra o Mallorca, o brasileiro foi alvo de ataques racistas. Um torcedor gritou “macaco” para Vinícius Junior, o caso foi relatado novamente e o processo foi aberto. Por meio de vídeo no TikTok, o autor foi identificado, impedido de frequentar estádios por 1 ano e multado em 4 mil euros (R$ 22 mil na época).

18/02/23 – Osasuna x Real Madrid – Em menos de 1 mês, insultos racistas foram proferidos contra o brasileiro no estádio El Sadar, em Pamplona. As câmeras de televisão flagraram xingamentos e situações mais pesadas contra o jogador do Real Madrid. Os autores ainda não foram identificados.

5/03/23 – Betis x Real Madrid – Mais 1 caso de racismo ocorreu em março deste ano. Na partida entre Real Madrid e Real Bétis, torcedores do time alviverde chamaram Vini Jr. de “macaco” e viraram alvos de queixa prestada ao Juizado de Instruções de Sevilha, com imagens de televisão como prova. A La Liga apresentou denúncia ao tribunal investigativo de Sevilha.

19/03/23 – Barcelona x Real Madrid – Duas semanas depois, novamente em clássico contra o Barcelona, o atacante ouviu gritos de “macaco” e “morra” nas arquibancadas do Camp Nou. O caso foi denunciado nos tribunais de instrução de Barcelona e a La Liga tratou a situação como “comportamento racista intolerável”.

25/04/23 – Girona x Real Madrid – Na derrota do Real Madrid para o Girona por 4 a 2, Vinícius Júnior ouviu gritos racistas após marcar um dos gols da equipe merengue. Os torcedores no Estádio Montilivi gritaram “mono” que, em espanhol, significa macaco. Nem o mandante, nem o Real Madrid ou a La Liga se manifestaram sobre o caso.

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