Mensalidade média de faculdades sobe após 11 anos
Depois de 11 anos em queda contínua, o preço médio das mensalidades nas faculdades privadas no País deixou de cair. De 2000 para 2010, o valor de referência passou de R$ 665 para R$ 482, uma redução de 27,5%. Com o cenário de retomada dos preços, consolidado agora em 2012, o reajuste das mensalidades já atingiu 7,5% em relação ao ano passado.
Mais oferta de crédito estudantil, ajuste de preços e previsão de aumento da demanda estão entre as principais causas. Mas, para os próximos dois anos, os reajustes não devem alcançar fortes aumentos reais.
Os dados fazem parte do documento Análise Setorial do Ensino Superior Privado, produzido pela consultoria Hoper Educação. Para definir esses valores foram consultados quase 16 mil cursos. “Pesquisamos o preço de mercado de cursos de graduação presencial e chegamos a valores de referência que incluem cursos de faculdades de massa e de instituições premium”, afirma o coordenador da Hoper, Paulo Presse.
Em 2010, o mercado chegou ao patamar mais baixo de valores de mensalidades dos últimos anos, diz o analista da Hoper Alexandre Nonato. O aumento da concorrência e o crescimento “eufórico” das matrículas desde a década de 1990 estão entre fatores que justificam essa situação.
“Valores mais baixos que esses inviabilizariam a sustentabilidade financeira das instituições”, afirma Nonato. Ele alerta, no entanto, que essa realidade generalizada pode ter um contexto específico em determinadas cidades e regiões. Analisando o comportamento das mensalidades nos diferentes Estados, é possível comprovar essa heterogeneidade e ver que a reversão do quadro foi puxado pelas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Enquanto houve forte aumento das mensalidades de 2011 para 2012 em Mato Grosso do Sul (30,6%) e no Rio (14,2%), no Tocantins e na Paraíba houve queda. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo).
Administração e Direito, mais visados, aumentariam mais
De acordo com um outro estudo, o Mapa do Ensino Superior, produzido pelo Sindicato das Entidades de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), Administração e Direito são os cursos universitários mais procurados pelos alunos da rede particular.
São justamente esses cursos mais procurados que sofreriam um reajuste de preços mais diferenciados, acima dessa média, afirma Madalena Guasco, coordenadora-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).
“A gente vem acompanhando um reajuste de mensalidades bem acima da inflação. Os patrões focam o aumento de preços em cursos mais concorridos”, diz Madalena.
Ainda de acordo com ela, o aumento nas mensalidades repassado aos estudantes não é revertido para os professores nem para os técnicos que trabalham nessas instituições.
Uma posição semelhante é defendida pela União Nacional dos Estudantes (UNE). Para o diretor de Universidades
Pagas da entidade, Bruno Júlio, não existe uma justificativa “plausível” para os reajustes.
“Os aumentos dos preços não refletem em mais qualidade. A educação não pode ser tratada como produto”, afirma o representante estudantil. / D.L.
Fonte: Estadão