Mensalidade sobe mais que inflação pelo 10º ano seguido

Alta média nos colégios da cidade de São Paulo deve ficar entre 8% e 12%

É preciso justificar aumento, diz Procon; pais de alunos em escola no Morumbi fazem abaixo-assinado

 “Se eles querem lidar como um negócio, vão ter que escutar os clientes”, desabafa o administrador financeiro Frederic Armand, 39, que no ano que vem terá um custo 23% maior na escola das duas filhas, o Porto Seguro.

O colégio no Morumbi (zona oeste) recebeu neste ano um abaixo-assinado com 1.700 assinaturas de pais indignados com o aumento da mensalidade, que, no ano que vem, deve ficar bem acima da inflação.

Para pais que pagam a anuidade em mensalidades, o aumento em relação a 2011 será de até 19%. Mas os que pagam à vista, como Armand, perderam ainda parte do desconto que vinha com essa modalidade; terão então custo 23% maior do que em 2011.

O colégio não é o único que terá um aumento grande em 2012. Segundo o sindicato das escolas particulares de SP, o reajuste deverá ser de 8% a 12%. A estimativa é que a inflação fique em 6,5% (IPCA-IBGE) ou 5,61% (IPC-Fipe).

Este será o décimo ano em São Paulo em que as escolas reajustam acima da inflação, segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), quando se considera o ensino fundamental, nível onde o aumento acumulado foi maior desde 2000.

A Folha consultou 20 das principais escolas de São Paulo e apenas uma, o Santo Américo (zona oeste), terá aumento abaixo dos 6,5% da previsão do IPCA. Será de 6% (maior que o índice da Fipe).

O maior reajuste será o do Centro Educacional Pioneiro, na Vila Mariana: de até 30%.

O Procon diz que a lei não impede que mensalidades aumentem mais que a inflação. Mas o aumento tem que ser justificado para os pais.

“A escola deve colocar a planilha com custos detalhados 45 dias antes da matrícula em local visível para que o pai saiba o porquê do aumento”, diz a assistente técnica do órgão Leila Cordeiro.

O problema é que, quando as escolas divulgam esses dados, eles não são detalhados o suficiente para que os pais entendam, diz Hebe Tolosa, da Associação de Pais e Alunos de Escolas de São Paulo.

“Geralmente, a escola entrega uma planilha cheia de números que ninguém consegue analisar.” Foi o que aconteceu no Porto Seguro, segundo Armand. “Não conseguimos entender nada da planilha. Tem que fazer auditoria.”

Os pais recorreram também ao Ministério Público. Já a escola disse que não volta atrás.

Mesmo assim, para Armand, a mobilização foi proveitosa. Após o abaixo-assinado, eles decidiram montar uma associação de pais para discutir mais cedo o reajuste de 2013.

Colaboraram MAURO ZAFALON e ANDRESSA TAFFAREL

Fonte: Jornal Folha de São Paulo

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