Mercado de trabalho para pessoas com deficiência ainda é insuficiente
O Dia Internacional da Pessoa com Deficiência é celebrado hoje (3), mas em meio à crise e à falta de trabalho, há o que comemorar?
Nos 645 municípios do estado mais populoso do País – São Paulo – apenas 35.490 pessoas com deficiência foram admitidas em empregos formais durante todo o ano de 2019.
O número é insuficiente perto da parcela da população do estado que possui algum tipo de deficiência. Foram contadas cerca de 3 milhões de pessoas, segundo o Censo de 2010 – ou aproximdamente 7,29% da população de São Paulo. Entretanto, não é só o baixo número de vagas de empregos formais para a Pessoa Com Deficiência (PCD) que preocupa, mas também a qualidade dessas vagas e a estabilidade delas. Os números são da Base de Dados do Direito da Pessoa com Deficiência do estado de São Paulo.
Ao contrário do número geral de contratados em 2019 que cresceu, o número de PCDs empregados diminuiu. O saldo foi de 162.639 de empregos formais criados em 2019 para a população em geral. Já entre os PCD houve uma retração de 5.068 vagas.
Quem são as pessoas com deficiência no mercado?
De acordo com a Base de Dados do Direito da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, é possível conhecer esses números, dentre eles, quais são as deficiências mais presentes entre os trabalhadores e trabalhadoras.
Nesse sentido, a maioria dos empregados nas empresas de São Paulo são as pessoas com deficiência física, 43,38%, seguidas pelas pessoas surdas 17,88% e pessoas com deficiência visual 17,81%. Entre as últimas posições, com 14,35% estão as pessoas com deficiência mental ou intelectual, o caso de Celso de Vasconcellos Bartkevicius.
Celso de Vasconcellos Bartkevicius tem autismo leve e, atualmente, trabalha em uma grande rede de supermercados. De acordo com ele, apesar de existirem sites e agências de emprego especializadas em conseguir empregos para pessoas com deficiência, o poder público tem um papel importante nesse processo.
Ele conseguiu seu emprego durante um evento realizado pela prefeitura de São Paulo. ” É uma feira que eles fazem para pessoas com deficiência e readaptados”, explica.
Escolaridade e Salários pedidos e oferecidos à Pessoa com Deficiência
A maior parte dos PCD empregados tem o ensino médio completo, 61,15%. Em seguida, estão os que possuem ensino superior, 14,22%. Juntas, as outras faixas de escolaridade são bastante parecidas e baixas.
Já a média salarial em que a maior parte dos empregos para PCD estão é de 1 a 1,5 salários mínimos, situação de 48,72% dessa população. Logo após vem os que recebem de 1,5 a 2 salários mínimos, com 24,21%. As pessoas com deficiência que recebem altos salários são poucas: apenas 119 recebem mais de 10 salários mínimos em trabalhos formais.
Além disso, é preciso levar em conta o alto índice de informalidade em que grande parte dessa população está. Juntamente com a retração do mercado formal que houve no estado de São Paulo no ano passado, há novos e maiores desafios nesse ano. Em outras palavras, o encolhimento da economia por causa da pandemia penaliza ainda mais as populações mais vulnerabilizadas. Assim como a pessoa com deficiência.