“Meu compromisso a partir de janeiro é fazer com que o país volte a crescer”, afirma Lula
“Gerar empregos e distribuir riqueza e renda. Vamos trabalhar para cuidar do povo com muito respeito”, completou Lula nas redes sociais
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (Federação Brasil da Esperança – PT, PV e PCdoB) afirmou pelas redes sociais que seu compromisso após sua posse será garantir o crescimento do país e gerar empregos.
“O Brasil precisa voltar à paz, voltar a ser um país alegre. E o meu compromisso é, a partir do dia 1º de janeiro, fazer com que o país volte a crescer, gerar empregos e distribuir riqueza e renda. Vamos trabalhar para cuidar do povo com muito respeito”, escreveu Lula.
Em discurso para membros da equipe de transição, em Brasília, Lula já havia defendido a necessidade do país voltar a crescer e criticou o famigerado teto de gastos por brecar o desenvolvimento e engessar a economia brasileira.
Lula declarou que “esse país só tem um jeito de se governar: ele tem que voltar a crescer”.
Na Conferência do Clima da ONU (COP27), no Egito, o presidente eleito criticou a ação nefasta do teto de gastos no crescimento do Brasil.
“O que é o teto de gastos? Se fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros do sistema financeiro que pagamos todo ano, mas mantivéssemos os benefícios, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da educação, da cultura. Tentam desmontar tudo aquilo que é da área social”, afirmou.
Lula afirmou que “não adianta só ficar pensando em dado fiscal”, mas “em responsabilidade social”. Segundo ele, o modelo do teto de gastos “tenta desmontar tudo o que é da área social”.
Esta também é a opinião do economista André Lara Resende, um dos fundadores do Plano Real.
O economista afirmou que “o teto dos gastos é um equívoco, um limite linear que estrangulou o investimento público”. “É preciso revê-lo, no mínimo, tirar investimento do teto dos gastos”, defendeu. “Tem que excluir os investimentos de qualidade do teto de gastos. É uma camisa de força que estrangula os investimentos e agrava o problema de convergência da relação da dívida/PIB”, acrescentou Resende.
De acordo com o professor de economia da Unicamp, Pedro Rossi, “a finalidade da política fiscal é garantir o bem-estar da população; o equilíbrio fiscal é uma peça importante, mas não a finalidade do processo”.
FOME
Lula também voltou a mencionar a fome no Brasil e disse que não pode aceitar tal situação.
“Eu não posso aceitar que milhões de pessoas passam fome no Brasil. O povo pobre, muitas vezes, sequer é ouvido, recebido. Com muito diálogo e responsabilidade, vamos fazer políticas para que o povo que mais precisa viva com dignidade. Bom dia a todos”, disse.
Segundo a Rede Penssan, são 33 milhões em insegurança alimentar grave, sem comida, com fome.
O Cadastro Único (CadÚnico) – sistema direcionado para programas sociais do governo federal – registrou o maior número de pessoas em extrema pobreza no Brasil desde sua criação, em 2001.
Ao todo, são 49 milhões de pessoas (48.369.266/agosto de 2022), ou 23% da população, que necessitam de ajuda governamental para sobreviver, 10 milhões a mais no governo Bolsonaro. No último ano do governo Temer, eram 39 milhões de brasileiros nessa condição.
São classificadas na extrema pobreza as pessoas que vivem em famílias com renda per capita mensal de até R$ 105, de acordo com a legislação brasileira.
Lula declarou recentemente ser inaceitável “que crianças acordem sem ter o que comer no café da manhã”.
Dados oficiais do Ministério da Saúde registraram, apenas em setembro, 977 mil casos de desnutrição em crianças e adolescentes. Em agosto, foram detectados 136 mil casos.
O combate à fome foi determinado como principal foco do próximo governo. “Nós vamos construir um governo para todos, mas com atenção especial para os que mais precisam”, disse.
Durante a campanha, Lula afirmou que se o Brasil tem 33 milhões de pessoas sem ter o que comer não é porque faltem alimentos no país, mas sim vontade política do atual governo.
“O Brasil tem 33 milhões de pessoas passando fome. E não tem explicação. Se um pequeno produtor rural, com um mínimo de investimento e organização, consegue fazer uma revolução na produção de alimentos, por que tem fome? Na verdade, a fome é falta de vergonha na cara do governo”, disse.
EM BRASÍLIA
O presidente eleito estará em Brasília nesta semana para discutir com bancadas, partidos e com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a aprovação da PEC da Transição, que traz benefícios para as famílias mais pobres.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o presidente eleito irá a “Brasília para essas conversas e para encaminhar PEC”.
Lula “está preocupado com a economia popular, em como responder para o povo brasileiro [sobre] as necessidades que o povo está sentindo. Essa é a maior preocupação do presidente neste momento”, explicou a dirigente partidária e membro da coordenação da equipe de transição.
O presidente eleito não pôde viajar à Brasília nos últimos dias porque está se recuperando de uma cirurgia na garganta, realizada no domingo (20).
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição foi pensada para garantir dinheiro suficiente para que as famílias mais pobres possam receber R$ 600 do Auxílio Brasil, ou Bolsa Família, com adicional de R$ 150 por criança. A proposta não prevê um prazo final para o pagamento destes benefícios.