“Minha candidatura hoje representa a defesa da democracia”, diz Lula em Porto Alegre
“Desde Deodoro da Fonseca nunca se viu um abuso com tanta desfaçatez da máquina pública como o meu adversário está fazendo”, denunciou o candidato da oposição e líder das pesquisas
O ex-presidente Lula afirmou, nesta quarta-feira (18), em entrevista coletiva em Porto Alegre, que nesta época da economia digital há necessidade de uma formação melhor de nossa juventude. Ele defendeu que o salário das mulheres seja igual ao dos homens e que haja aumento real do salário-mínimo.
Ele realizou uma caminhada pelas ruas de Porto Alegre acompanhado pelo candidato a vice, Geraldo Alckmin, por senadores, deputados e lideranças políticas e populares gaúchas. Milhares de pessoas acompanharam Lula pelas ruas da capita gaúcha.
O ex-presidente respondeu aos repórteres antes da caminhada. Ele disse que está confiante na vitória e denunciou o uso criminoso feito por Bolsonaro da máquina pública nas eleições.
“Eu já disputei reeleição, o Fernando Henrique e a Dilma também, e nunca vimos o uso da máquina como está sendo feito nestas eleições”, apontou o ex-presidente. “Desde Deodoro da Fonseca nunca se viu um abuso com tanta desfaçatez da máquina pública como o meu adversário está fazendo, mas vamos ganhar assim mesmo”, disse Lula.
“A minha candidatura representa hoje a grande chance que o nosso país tem de voltar à normalidade democrática. A sociedade brasileira está madura e convencida de que temos que defender a democracia”, afirmou Lula na entrevista.
Lula falou sobre turismo lembrando que quando entrou no governo, em 2003, havia 40 milhões e pessoas viajando e voando pelo país, e, quando deixou, esse número chegou a 100 milhões. Vamos melhorar a infraestrutura de turismo e investir muito em Cultura. Segundo Lula, o Turismo e a Cultura são dois setores que, se estimulados, como vão ser, podem gerar muitos empregos.
Sobre a relação com o agronegócio, Lula afirmou que, se há oposição de alguns setores do agro a ele, não é por terem sido maltratados durante seu governo. “É só fazer uma comparação. No tempo do nosso governo o agro teve muito mais financiamento do que agora. Nós fizemos a securitização da dívida do setor em 2008, de R$ 85 bilhões e, se nós não tivéssemos feito, a maioria deles estaria quebrado”, argumentou.
“E naquele tempo”, prosseguiu Lula, “eles compravam as colheitadeiras pagando juros de 2% ao ano e agora, com Bolsonaro, eles estão pagando 18% de juros ao ano”. “Eu tenho clareza que o homem do agronegócio não tem interesse em destruir biomas com queimadas e desmatamento na Amazônia. Quem tem esses interesses são transgressores da lei”, observou. “O agronegócio entende bem que ganha mais com uma árvore de pé do que com um hectare de soja na Amazônia”, acrescentou Lula.
“Cuidar do clima hoje é tão importante quanto qualquer outra atividade econômica”, observou Lula. “Vamos ter uma agricultura de baixo carbono e vamos ganhar muito mais com isso do que fazendo destruição. Nós temos trinta milhões de terras degradadas, que foram pastos, e que se estas terras forem recuperadas, nós poderemos duplicar a nossa produção de grãos”, acrescentou.
Perguntado sobre a posição do PT do Rio Grande na eleição regional, Lula afirmou que o partido tem autonomia para decidir o que ele quiser sobre a eleição no estado, desde que não seja apoiar o candidato mais ligado a Bolsonaro, o caso o ex-deputado Onix Lorenzoni. “Temos que escolher aquele que está mais próximo do nosso campo democrático e eu tenho certeza de que não é o Onix”, disse Lula.
O ex-presidente criticou o racismo ao comentar o episódio envolvendo o ator, cantor e compositor Seu Jorge, que nesta semana sofreu manifestações de racismo durante um show que realizava em Porto Alegre. Lula destacou que já estão na legislação brasileira e até e na Constituição a criminalização do racismo e que esse tipo de ódio será combatido durante o seu governo. “Temos que rejeitar e repudiar qualquer manifestação de racismo neta país”, disse ele.