Ministério da Justiça analisa 100 mil denúncias contra extremistas
Queixas enviadas por email foram encaminhadas à Polícia Federal para colaborar nas investigações dos atos de vandalismo
Quase um mês após a invasão em Brasília de um grupo de extremistas, o Ministério da Justiça recebeu 107 mil emails com denúncias que podem ajudar na identificação dos autores. As informações foram encaminhadas à Polícia Federal, que vai usar os dados ao longo das investigações.
O canal foi criado no dia 9 de janeiro, um dia depois dos ataques ao Palácio do Planalto e aos prédios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a Secretaria de Acesso à Justiça da pasta, das 107 mil mensagens, 102.407 foram analisadas para compor o relatório.
Esses emails foram encaminhados por 27.457 denunciantes com 121.588 arquivos anexados e mais de 62 mil links, com a indicação, inclusive, dos nomes de pessoas que participaram do quebra-quebra na Esplanada.
“Alguns dados chamaram atenção, como a frequência com que alguns nomes apareceram, como a Ana Priscila, que era uma das lideranças dos atos terroristas e que, inclusive, foi presa pela PF. A gente viu aqui pelo menos em 450 emails o nome dela como alguém que estava mobilizando e chamando as pessoas para os atos terroristas”, explica o secretário Marivaldo Pereira.
Outro nome frequente foi o de Ramiro dos Caminhoneiros, uma das lideranças que foram presas. Segundo a pasta, o extremista foi denunciado em 25 emails, com registros de vídeos e links com mobilizações organizados por ele. Fátima Tubarão, também presa pela PF, é outra recordista de queixas. Ela aparece em 86 emails, com anexos e links que mostram a atuação dela na manifestação.
Denúncias contra autoridades
As denúncias indicam ainda a atuação de deputados, governadores, vereadores e prefeitos que convocaram os atos de 8 de janeiro. Ao todo, 7.003 emails citam autoridades.
Como o volume de denúncias é grande, mais de 100 gigas de dados, o Ministério da Justiça ainda trabalha para sistematizar os dados. A próxima fase do trabalho será identificar buscas mais relevantes; abrir anexos para identificar provas; organizar perfis denunciados para bloqueios; identificar CPFs, telefones, Pix e endereços; e transcrever conteúdos de áudio e vídeo.
Financiadores denunciados
O ministério também recebeu denúncias sobre os possíveis financiadores dos atos extremistas. Foram mais de 2.600 emails que mostram possíveis financiadores, encaminhados por mais de 1.500 pessoas.
Mais de 3.700 emails também mencionam informações de ônibus ou caravanas que levaram extremistas de todos os estados do país à Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro.