Ministro da Educação se recusa a ouvir a juventude

Por Patrícia Larsen e Marcos Aurélio Ruy

Depois de defender o castigo físico como norma pedagógica para a educação de crianças. Depois de afirmar que a universidade é para poucos e que mulher não precisa estudar mais do que o ensino médio, pasmem, o ministro da Educação, Milton Ribeiro não dialoga com as entidades representantes dos estudantes.

De acordo com Rozana Barroso, presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), tem quase um ano que a entidade batalha para agendar uma reunião com o ministro para falar da situação de grande parte dos estudantes, principalmente com o agravamento da crise na pandemia.

Em todas as tentativas de marcar uma conversa, o MEC afirma que a agenda do ministro está lotada. Rozana explica que o objetivo da reunião é apresentar as demandas dos estudantes na pandemia e entregar a nota técnica Direito Humano à Educação na Pandemia, elaborada pela União Ubes em conjunto com Centro de Estudos e Memória da Juventude (Cemj), que apresenta estratégias para o acesso à educação, permanência e conclusão, nesse atual momento.

“Não podemos aceitar o MEC omisso dessa forma”, assinala a líder estudantil. “A educação no país pede socorro. Não podemos mais esperar para agir”. Rozana diz ainda que a educação não tem “orçamento suficiente para as necessidades do país e dos estudantes”.

Reafirma ainda que “não há projeto, nem planos para diminuir as desigualdades educacionais intensificadas pela pandemia. Após o fim da ditadura (1964-1985), os estudantes foram ouvidos por todos os governantes, menos pelo atual”.

O Censo Escolar 2020 aponta para 47,3 milhões de matrículas no ensino básico, 579 mil matrículas a menos do que em 2019. Para piorar, a evasão escolar cresceu por causa da “ineficiência governamental na educação”, afirma Beatriz Calheiro, secretária da Juventude Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Beatriz explica que os dados mostram um “número muito grande de estudantes abandonando as escolas para trabalharem e ajudarem no orçamento doméstico, já que na crise econômica se aprofunda” com “crescimento do desemprego, em grande medida atingindo os mais jovens”.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta para uma evasão escolar recorde em 2020 com 1,38 milhão de estudantes deixando a escola, representando 3,8% do total de matrículas. No ensino médio, essa evasão atinge quase 8% dos jovens matriculados.

Com tudo nisso, Rozana reafirma a disposição de luta dos estudantes secundaristas. “Nas ruas levaremos a urgência da defesa da educação, da saída para o povo brasileiro”. Por isso, “convocamos toda a juventude, os estudantes a se somarem nessa mobilização” porque “nossa geração não pode ter seu futuro destruído por um projeto de governo criminoso de desmonte do Estado e de privatização da educação pública”.

Por isso, “no dia 2 de outubro estaremos nas ruas em todo o país nas manifestações em defesa da democracia, por mais educação, mais saúde, um combate efetivo à pandemia e a elaboração de um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e que dê perspectivas de futuro para a juventude e para a nação”, acentua Beatriz.

CTB

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