Mobilização feminina abre calendário de lutas

Num mês de lutas, o último domingo, 8 de março, mostrou a força da resistência feminina e também preparou o terreno para as mobilizações que estão por vir. De Norte a Sul do país, milhares de mulheres saíram às ruas durante todo o domingo por igualdade de direitos e contra a violência. Em São Paulo, maior cidade brasileira, nem a chuva impediu que mais de 50 mil mulheres tomassem a Avenida Paulista para marcar o Dia Internacional da Mulher e bradar contra a violência e por democracia e justiça. No ato, a ex-ministra Eleonora Menicucci, da antiga Secretaria de Políticas para Mulheres, pasta extinta após a ascensão do governo de Jair Bolsonaro, lembrou que o 8 de março é um dia de luta, e não de comemoração”.

“Estamos aqui para dizer nenhuma mulher a menos. Pela vida das mulheres. Por nossos direitos, pela democracia, por Marielle, Dandaras e contra o Bolsonaro. Este é um dia de luta que as mulheres mostram sua força. Mostramos no #EleNão. É fundamental as mulheres nas ruas para mostrar isso, como Bolsonaro é misógino, fundamentalista, reacionário e ditador. É um grito das mulheres”, declarou à Rede Brasil Atual.

Justamente por isso, essa não é uma batalha que se restringe a um único dia. Pelo contrário, seguirá reverberando. Em Brasília, cerca de 5 mil mulheres estiveram na marcha do 8 de março, levando para as ruas palavras de ordem contra a violência de gênero e o machismo do governo Bolsonaro e em defesa da descriminalização do aborto. 

Já nesta segunda-feira (9), mulheres sem terra ocuparam o Ministério da Agricultura em Brasília. A mobilização conta com a participação de 3500 trabalhadoras Sem Terra de 24 estados e integra a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. A ação visa denunciar as políticas nefastas do governo Bolsonaro em relação à economia, à terra e à agricultura, da privatização de privatização das áreas de assentamento, através de uma distribuição de titularidades individuais dos lotes, até os cortes nos investimentos públicos e a liberação desenfreada de agrotóxicos.

A mobilização das mulheres marcará também o próximo 14 de março, data em que se completam dois anos do assassinato de Marielle Franco, e 18 de março, dia nacional de lutas da classe trabalhadora. E não poderia ser diferente, uma vez que as mulheres trabalhadoras são as maiores prejudicadas pela precarização na legislação trabalhista, pelo ataques aos direitos de aposentadoria e pelo corte nos investimentos públicos. Mulheres submetidas a duplas ou até triplas jornadas, mulheres sujeitas a salários inferiores, mulheres assediadas em seus locais de trabalho, mulheres sem creches onde deixar os filhos, mulheres violadas diuturnamente, mulheres que perdem seus filhos para a violência. É por elas, por todas, e por nenhuma a menos, que essa é uma batalha perene, de todo o mês e de todos os dias.

É preciso ter em mente que tampouco se trata de uma luta restrita às mulheres e que é fundamental a mobilização de toda a sociedade. No ato de ontem em Belo Horizonte, o coordenador-geral da Contee, Gilson Reis, ressaltou que “é preciso que a gente faça um grande debate sobre as questões que envolvem o mundo capitalista, esse mundo machista, misógino, autoritário, patriarcal que circunda nossa sociedade ainda hoje”. Segundo ele, “não há saída para a humanidade que não seja homens e mulheres juntos e juntas na perspectiva de uma mudança radical e na construção de outro regime e de outra estrutura de Estado.”

Confira:

Por Táscia Souza, com informações da Rede Brasil Atual e do Brasil de Fato

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