Moraes e Toffoli votam por tornar réus 100 golpistas denunciados pela PGR

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, votaram a favor de aceitar a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra 100 pessoas que participaram do atentado terrorista do dia 8 de janeiro, em Brasília.

Caso a maioria dos ministros siga o voto do relator, Alexandre de Moraes, os denunciados se tornarão réus e serão julgados pelos crimes que cometeram. O julgamento se encerra na segunda-feira (24).

Os cem denunciados são apenas o primeiro grupo dos 1.390 terroristas que invadiram e depredaram, no dia 8 de janeiro, o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso Nacional.

As denúncias oferecidas pela PGR se dividem entre os inquéritos 4.921, que investiga os instigadores da tentativa de golpe de estado, e 4.922, sobre os autores intelectuais e executores do atentado.

O primeiro grupo foi denunciado e poderá se tornar réu pelos crimes de incitação ao crime e associação criminosa. A pena máxima para esses crimes é de três anos e meio de prisão.

Já o segundo deverá responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de estado e dano ao patrimônio público, que pode lhes render uma condenação a 27 anos e meio de prisão.

Em seu voto, Alexandre de Moraes afirmou que “a Constituição Federal não permite a propagação de ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado Democrático” e que “tanto são inconstitucionais as condutas e manifestações que tenham a nítida finalidade de controlar ou mesmo aniquilar a força do pensamento crítico, indispensável ao regime democrático, quanto aquelas que pretendam destruí-lo”.

Em seu voto no caso dos denunciados por incitação, Moraes aponta que a denúncia deve ser aceita porque os criminosos se associaram, “por intermédio de uma estável e permanente estrutura”, que era o acampamento em frente ao Quartel General do Exército, “aos desideratos criminosos dos outros coautores, no intuito de modificar abruptamente o Estado de Direito, a insuflar ‘as Forças Armadas à tomada do poder’ e a população, à subversão da ordem política e social”.

Alexandre de Moraes defendeu que as denúncias apresentadas contra o outro grupo sejam aceitas pois esses indivíduos integravam “o núcleo responsável pela execução dos atentados materiais contra as sedes dos Três Poderes”.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) sublinhou que o aceite dessas denúncias é importante pois “são casos de incitação de animosidade das Forças Armadas às Instituições e outros crimes contra a democracia. É fundamental que o Supremo seja exemplar. Lugar de golpista é a cadeia!”.

EXPOSIÇÃO LEMBRA ATOS GOLPISTAS

O Senado vai abrir nesta terça-feira (18) a exposição fotográfica 8 de Janeiro – Reflexões do Senado – 100 Dias da Invasão, para marcar os 100 dias dos ataques golpistas contra a Casa.

A mostra, que ficará à disposição do público até o próximo dia 26, das 8h às 18h, reúne 50 imagens dos atos terroristas contra o Congresso Nacional.

O objetivo do evento é lembrar o ataque criminoso à democracia brasileira. A abertura ocorrerá, às 15h30, no Salão Negro.

Os prejuízos provocados pelas invasões e depredações dos prédios dos Três Poderes somam mais de R$ 20 milhões — R$ 4 milhões apenas no Senado.

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