Movimento sindical lança diretrizes para o Brasil e defende unidade da classe trabalhadora
Nesta quarta-feira (6), o movimento sindical oficializou o lançamento de uma ampla plataforma política com propostas para o enfrentamento da crise no país, sob a perspectiva do desenvolvimento econômico, com criação de empregos e valorização do trabalho.
O documento intitulado Agenda Prioritária para o Brasil foi construído de forma unitária entre as sete centrais sindicais, com a coordenação do Dieese e apresenta 22 diretrizes para recolocar o país na trajetória do crescimento, entre elas a revogação da reforma trabalhista, da lei da terceirização e da Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos públicos por 20 anos. Conta com a participação de lideranças das principais centrais sindicais: CTB, CUT, CSB, Força Sindical, NCST, Intersindical e UGT.
O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, fez a abertura do evento, explicando que a agenda reúne as principais propostas do movimento para o crescimento e desenvolvimento do país e que será entregue aos candidatos nas eleições deste ano.
Unidade
A defesa da unidade da classe trabalhadora e das forças políticas progressistas foi enfatizada por todas as lideranças sindicais. O presidente da CTB, Adilson Araújo, destacou que o movimento sindical e partidário precisa ter “a responsabilidade de se unir”, se quiser avançar.
“Não vamos ganhar esta batalha sozinhos. A direita não deu o golpe para entregar o governo para a esquerda”, disse o presidente nacional da CTB, lembrando que é preciso dialogar com os mais de 30 milhões de desempregados deste país, e com todos aqueles que estão vendo seus direitos sumirem a cada novo projeto aprovado no congresso.
“Temos que alterar a correlação de forças no Congresso Nacional. As grandes questões passam por ali. Vamos bater na porta do Congresso Nacional, mas temos de nos levantar e ir na porta da casa do trabalhador e no chão de fábrica e no local de trabalho, porque é ali que vamos fazer esta disputa”, disse Adilson.
O presidente da CTB-SP, Rene Vicente, reforçou a convocação: “Este debate precisa ser feito na rua, nos metrôs, nos ambientes de trabalho, junto aos trabalhadores e trabalhadoras. Só assim pode haver avanço”.
Juventude
A secretária da Juventude Trabalhadora da CTB, Luiza Bezerra, denunciou a informalidade e o desemprego que avança e já compromete 30% da população jovem do Brasil e a falta de políticas públicas que ampliam o drama das mulheres jovens que, muitas vezes, deixam o emprego para cuidar da família.
“Por isso, saudamos muitíssimo esta iniciativa. Hoje damos passos largos para superarmos este grave momento que vivemos. Vamos à luta por democracia, desenvolvimento e valorização do trabalho”, disse a dirigente.
Após a leitura do manifesto das centrais sindicais e dos desafios que o governo brasileiro terá de enfrentar, as lideranças das organizações sindicais discursaram, enfatizando aspectos da agenda que deverão nortear a gestão do país.
“O nosso sistema tributário é um horror”, diz especialista
O encontro teve a participação do presidente da ANFIP, Floriano Martins de Sá Neto, e do presidente da Fenafisco, Francelino das Chagas Valença Junior.
Eles apresentaram um projeto de reforma tributária solidária, que desonera os trabalhadores e trabalhadoras, taxa grandes fortunas e corrige injustiças históricas no sistema de impostos do Brasil, que sempre penalizou os mais pobres.
“Estamos hoje terminando um fórum internacional sobre o sistema tributário, com 20 especialistas de 14 países dos quatro continentes do mundo. Nosso sistema tributário é um horror! Nós cobramos mais dos pobres, que ganham menos, e cobramos muito menos dos que ganham mais. Os trabalhadores do setor público e privado têm de estar irmanados para tranformar esta realidade”, afirmou Floriano Martins.
Rumo a Brasília
Na próxima semana, o movimento sindical vai ao Congresso Nacional entregar a agenda aos parlamentares. O ato político é uma forma de apresentar ao atual governo e aos candidatos futuros um projeto de desenvolvimento para o país, com democracia, soberania, desenvolvimento e justiça social.