Movimentos sociais denunciam golpe no Brasil durante Cúpula do Mercosul
Manifestantes e membros de diversos movimentos populares brasileiros marcaram presença durante a reunião de cúpula do Mercosul, realizada nesta semana em Mendoza, na Argentina, e pediram a convocação de eleições diretas, denunciando o golpe no Brasil. No encontro, a presidência do bloco passou das mãos do presidente argentino, Mauricio Macri, para as do brasileiro Michel Temer.
Na última sexta-feira (21/07), os manifestantes se reuniram nos arredores do Hotel Intercontinental. Coordenada pela CMP (Central dos Movimentos Populares), a caravana brasileira, que contou ainda com representantes de forças políticas como a Juventude do PT de São Paulo, Movimento de Luta por Moradia e Levante Popular da Juventude, saiu de São Paulo na terça-feira (18/07), percorrendo mais de 3.000 quilômetros.
Segundo o coordenador da Secretaria Internacional da CMP, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, o objetivo da caravana brasileira era “mostrar a indignação dos movimentos sociais com as políticas do governo e desmascarar o golpista Michel Temer”, além de participar da Cúpula dos Povos – evento paralelo à Cúpula do Mercosul que reuniu representantes de movimentos populares da América Latina inteira.
Ao final dos trabalhos da Cúpula dos Povos, foi gerado um documento oficial com as deliberações dos participantes, que seria entregue à mesa do Mercosul nesta sexta-feira pelo presidente da Bolívia, Evo Morales. No entanto, o processo de entrada na Argentina pela fronteira com o Brasil demorou mais de 5 horas, impedindo que a caravana brasileira chegasse a tempo do evento na quinta-feira (20/07), atrasando em mais de 12 horas a viagem.
“Era pra ter sido uma participação orgânica do Brasil na Cúpula dos Povos, debatendo os problemas da América Latina e em especial a situação do golpe no Brasil, mas infelizmente acabamos não conseguindo fazer a nossa parte”, disse Gegê.
Coordenadora da Escola Campesina de Agroecologia de Lavalle – local que abrigou os brasileiros durante sua estadia na Argentina -, Dhanna Garcia reforçou que não foi apenas a delegação do Brasil que teve problemas para cruzar a fronteira. “Segundo informações que tivemos, são ordens de cima para dificultar a chegada à Cúpula do Mercosul”, afirmou.
Reação
Ao chegar nos arredores da reunião do Mercosul, a caravana brasileira se deparou com um bloqueio policial de peso. Depois de apenas alguns minutos de permanência no local, já era possível contar mais policiais do que manifestantes.
“O tom deles foi ficando mais agressivo. No começo da conversa, eles estavam querendo nos ajudar. Depois de alguns minutos, o comandante ficou mais ríspido e disse que não queria mais nos ouvir”, disse o coordenador da CMP.
Apesar dos contratempos, a viagem a Mendoza rendeu resultados para a caravana brasileira. Após algumas horas de espera, os representantes dos movimentos sociais foram recebidos pelo deputado federal argentino Guillermo Carmona, membro da corrente kirchnerista Frente Para La Victoria, e pela deputada do Mercosul, Julia Argentina Perié, os quais se comprometeram a repercutir o golpe no Brasil e a ida dos movimentos sociais do país à Argentina nas próximas reuniões do bloco.