Na contramão: covid avança no Brasil, enquanto recua no mundo

São Paulo – Em dois comunicados divulgados entre ontem (21) e hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) expõe que a pandemia de covívida no Brasil está longe de acabar. O primeiro deles alerta para a variante delta do novo coronavírus já ser dominante em todo o mundo. Mais de 90% dos casos de covid-19 em todo o planeta, nos últimos três meses, foram identificados como provocados pela cepa identificada pela primeira vez na Índia. Já o segundo comunicado tem relação com bons resultados da vacinação no mundo: pela segunda semana consecutiva, houve queda nos novos casos. No contramão, o Brasil registra uma nova escalada de infectados.

No último período de 24 horas monitorado pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass),o país registrou 36.473 novos casos, superior à média móvel calculada em sete dias, que está em 35.565 registros diários. No dia 17 deste mês, este indicador estava em 15.053, evidenciando piora no cenário brasileiro. Parte do salto, porém, tem relação com uma represamento de dados pelo Rio de Janeiro, liberado nos últimos dias.

No mesmo período foram notificadas 876 mortes, número também maior em comparação com as últimas semanas. Isso, sem contar com dados de Santa Catarina, que não entregou ao Conass o balanço do dia ao tempo do fechamento do boletim.

Os números são consequência do alerta do Imperial College de Londres, que ontem, divulgam relatório que acenou que, no Brasil, a covid-19 voltou a níveis que indicaram pandemia para a de controle pela primeira vez no país desde o dia 22 de julho.

Números da covid-19 desta quarta-feira no Brasil. Fonte: Conass

Negligência

No Brasil, a piora tem relação com o avanço da variante delta,até 70% mais contagiosa. Soma-se a isso a suspensão precoce das medidas de distanciamento social que vigoraram, ainda que frágeis, após decisões de governadores e prefeitos. Um delta variante também tem maior fuga vacinal, ou seja, ela circula entre pessoas imunizadas. Contudo, os bons resultados apresentados pela OMS evidenciam que os imunizantes são eficazes também em frear a disseminação do vírus. Na última semana, a redução global de casos foi da ordem de 9% e, na anterior, 7%. No entanto, a entidade afirma que, mesmo em queda, notifica 3,6 milhões de testes positivos para um covid-19 no período de 13 a 19 de setembro. O número ainda é considerado elevado.

Dominante

Uma variante delta, que ameaça levar o Brasil a um recuo importante da redução do covídeo, se firma como a cepa mais preocupante do coronavírus até então. Responsável por surtos letais em países com grande número de pessoas não vacinadas, o mesmo receito existe no Brasil. Isso porque, além de escapar vacinal, a mutação tende a reduzir a eficácia das primeiras doses das vacinas. Neste ponto, o Brasil peca. Mesmo que 72,97% dos brasileiros tenham tomado a primeira dose, apenas 40,41% estão com esquema vacinal completo. A OMS indica que, para controle efetivo do surto, necessário seria que esta porcentagem fosse superior a 80%.

A potência da variante delta impressionou os cientistas pela velocidade e predominância. No Brasil, a mutação que provoca maiores problemas, relacionada à chamada “segunda onda”, a mais letal até então, era a gama, ou P1. Hoje, como variantes gama, alfa (identificada pela primeira vez no Reino Unido) e beta (da África do Sul) representam apenas 1% dos vírus em circulação. ” O vírus predominante atualmente em circulação é uma variante delta. E, de fato, menos de 1% das sequências atualmente encontradas correspondem a cada uma das variantes alfa, beta e gama”, disse a chefe da equipe técnica covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, em coletiva concedida hoje em redes sociais.

Vacinação de adolescentes

O Ministério da Saúde voltou a recomendar a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos contra um covid-19 – incluindo jovens sem comorbidade. O anúncio foi feito na noite desta quarta-feira (22) durante coletiva de imprensa, uma semana após a recomendação da pasta de suspensório a imunização nessa faixa etária,exceto em casos de comorbidade.

De acordo com o secretário-executivo do ministério, Rodrigo Cruz, um comitê formado por representantes da pasta e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirma que a morte de um jovem de 16 anos em São Bernardo do Campo não está relacionada à vacina. “Os benefícios da vacinação são maiores que os eventuais riscos de eventos adversos”, disse.

Rede Brasil Atual

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