“Não abrimos mão dos direitos da classe trabalhadora”, diz CTB a ministro do Trabalho
O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, recebeu nesta quarta-feira (14) representantes de centrais sindicais para uma conversa sobre a agenda de ajustes para recuperação da economia anunciada por Michel Temer. O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, e o secretário-geral, Wagner Gomes, presentes na reunião, expressaram a posição da CTB, contrária às medidas anunciadas pelo governo biônico, que visam o desmonte do Estado e a retirada de direitos dos trabalhadores.
“Diante das ameaças prementes da intenção do governo de promover a desregulamentação do trabalho, no encontro das centrais com o ministro nesta manhã, a CTB ressaltou que o diálogo não é uma camisa de força. Ao contrário, aparentemente nesse primeiro encontro, o ministro se mostrou sensível e preocupado com as propostas que vêm circulando na grande mídia. Contudo, enfatizamos que, para a CTB, são cláusulas pétreas a defesa da contribuição sindical, da unicidade sindical e do fortalecimento das entidades sindicais”, afirmou Adilson Araújo.
A CTB deixou claro também que seguirá defendendo a democracia e o restabelecimento do Estado Democrático de Direito. “O encontro com o ministro demonstrou a unidade das centrais, empenhadas em manter os direitos conquistados pela classe trabalhadora diante das ameaças impostas”, disse Wagner Gomes.
Araújo também destacou a importância e as conquistas proporcionadas pela construção unitária. “A maturidade política das centrais sindicais soube enxergar o valor estratégico da unidade, ao materializar, a partir das jornadas de luta, a política de valorização do salário mínimo, os acordos salariais, que até 2014 registraram 93% de ganho real, bem como a ampliação do emprego e da renda”.
E alertou: “Seria um grande retrocesso ver nesse governo a desconstrução do estado nacional, a desregulamentação do trabalho, com a instituição do negociado sobre o legislado, bem como a extinção da previdência pública, já que o anúncio propagado pelo governo dá conta do seu interesse em ampliar o tempo de contribuição e instituir a aposentadoria aos 70 anos para homens e mulheres”.
Os dirigentes ainda questionaram Nogueira acerca da terceirização e dos ataques ao funcionalismo público, por meio de projetos enviados pelo governo ao Congresso Nacional, a exemplo da PEC 241 e PLP 257, que retiram recursos de áreas estratégicas, como Saúde e Educação e penalizam os servidores.
“Deixamos claro para o ministro que o governo ilegítimo de Michel Temer está ambientado puramente nos interesses do mercado, do rentismo e da especulação financeira. Assim sendo, não nos resta outro alternativa, senão resistir a todo custo. Não abrimos mão dos direitos da classe trabalhadora”, afirmou Araújo.
Por sua vez, Ronaldo Nogueira se mostrou aberto ao diálogo e sugeriu a criação de um fórum da pasta em conjunto com as centrais para debate e negociações.
“Reconheço e respeito a posição de cada central, eu tenho me manifestado publicamente que sou a favor da contribuição sindical, tenho me manifestado publicamente dizendo da importância do sindicato representativo lá na base, dos princípios da unicidade sindical, o prestigiamento da negociação coletiva, não para tirar direitos, não para reduzir jornada com redução de salário ou ampliar jornada, nada disso vai acontecer”, disse.
A conversa com o ministro não acalmou as centrais, que seguem mobilizadas para um grande ato nacional, no próximo dia 22, em diversas capitais e municípios do país. O evento chamado de “Dia Nacional de Paralisação” defende a manutenção dos direitos sociais e trabalhistas.
“O dia 22 deve servir como momento importante no processo de mobilização rumo à construção da greve geral em defesa dos direitos e do povo brasileiro”, concluiu o presidente da CTB.