Nota do Sinpro Minas contra “lei da mordaça” no Colégio Loyola
Nota de Repudio e indignação
O Sinpro Minas, sindicato que representa os professores do setor privado do Estado de Minas Gerais, vem a público mostrar sua indignação em relação aos acontecimentos recentes no Colégio Loyola.
Soubemos, através de relatos, que uma professora teve sua prova anulada por inserir um texto do artista Gregório Duvivier na mesma. O texto apresenta uma análise crítica da realidade e do momento político atual que vivenciamos no Brasil sob um prisma democrático e plural, escancarando inclusive realidades estatísticas como aumento do desemprego e das queimadas nas florestas.
Entendemos que a escola é lugar do saber plural e das diversas visões de mundo, as quais devem ser debatidas levando em consideração também toda a bagagem cultural e de formação original dos alunos. E cabe ao professor oportunizar o acesso às diversas visões de mundo dentro de sala de aula. Não é papel docente colocar uma venda nos olhos dos alunos e lhes mostrar uma visão “filtrada” da realidade em que vivemos. Ainda mais em se tratando de alunos oriundos de séries mais avançadas das etapas escolares e em vias de enfrentar provas como o Exame Nacional do Ensino Médio, como o ENEM.
Temos consciência de que vivemos atualmente em um Brasil polarizado, onde qualquer alusão a pensamentos críticos ou que produzam reflexões são prontamente rechaçados por alguns setores. E esse tipo de atitude caminha na contramão do processo educativo que necessita ser crítico, reflexivo, amplo e democrático.
Cabe a nós, enquanto segmentos sociais, garantir educação de qualidade e que possibilite amplo acesso aos diversos temas de debates ao educando, que reunirá ferramentas suficientes ao longo de sua formação, inclusive com valores da sua família, para no futuro construir seu próprio discernimento e visão de mundo.
Cabe-nos, também, enquanto trabalhadores da educação e representantes dos mesmos, defender a liberdade de cátedra e a autonomia docente, previstas e asseguradas tanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) quanto na própria Constituição da República Federativa do Brasil (1988), lei maior do Estado Brasileiro.
Por fim, salientamos que repudiamos qualquer tipo de censura, retaliação e mordaça aos trabalhadores da educação em seu pleno exercício ético e consciente da educação no papel de educadores que são.
Diretoria do Sinpro Minas
Abaixo, nota de repúdio assinada por mais de 400 alunos e ex-alunos do colégio: