Nova ditadura militar teria “gabinete do golpe” para controlar a informação no país
Esse núcleo estratégico teria a missão de “influenciar a opinião pública” e coordenar as ações de comunicação do governo
Um plano audacioso e alarmante para instaurar uma nova ditadura militar no Brasil foi desvendado pela Operação Contragolpe, deflagrada na última terça-feira, 19. Segundo documentos obtidos pela operação e informações divulgadas pelo jornal Estado de S.Paulo, a trama batizada pelos golpistas de Punhal Verde e Amarelo incluía o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O plano previa ainda a criação de um “gabinete do golpe” para controlar informações no país e “pacificar” a população após a ruptura. Esse núcleo estratégico teria a missão de “influenciar a opinião pública” e coordenar as ações de comunicação do governo, evitando “ilações que desinformassem a população”. Entre suas atribuições, estavam articulações para garantir apoio parlamentar ao decreto golpista, além de estabelecer ligações com ministérios e órgãos estratégicos.
Rede de inteligência e apoio jurídico
Conforme detalhado na investigação, o “gabinete do golpe” teria um braço jurídico robusto, composto pela Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos, a Advocacia Geral da União e até um promotor do Ministério Público Militar. O promotor Nelson Lacava Filho, citado nos documentos como parte da estrutura golpista, manifestou-se em entrevista ao Estadão:
“Jamais promovi qualquer ação em detrimento do Estado Democrático de Direito e, muito menos, quanto à vida de qualquer pessoa.”
Além do aparato jurídico, o grupo buscava criar uma rede de inteligência que serviria como catalisador de informações estratégicas. Essa estrutura visava reunir dados oriundos de instituições públicas e da população civil, alimentando as decisões do comitê golpista.
Articulações com o Congresso Nacional
Outro pilar do plano era a influência política. O núcleo previa “monitorar” decisões do Congresso Nacional e buscar o máximo de apoio parlamentar para a consolidação do golpe. Para isso, foram delineadas estratégias de articulação com lideranças e a aprovação de medidas que respaldassem o regime autoritário planejado.
A trama do dia 16 de dezembro
O inquérito da Operação Contragolpe revelou que a instalação do comitê estava prevista para 16 de dezembro de 2022, um dia após um encontro de militares radicais na residência do então ministro da Defesa, general Braga Netto. Durante a reunião, foi ajustado um plano que incluía a prisão e execução de Alexandre de Moraes, como parte do movimento para desestabilizar as instituições democráticas.
Estratégias coordenadas e apoio à presidência
As diretrizes estratégicas do gabinete de crise previam a coordenação de ações entre ministérios e a elaboração de medidas políticas alinhadas ao golpe. O objetivo era oferecer ao então presidente Jair Bolsonaro “maior consciência situacional das ações em curso”, garantindo suporte à tomada de decisões e consolidando sua posição no novo regime.
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