Novas instituições recebem queixas de ex-alunos da Gama Filho e da UniverCidade

Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil Edição: Talita Cavalcante

Salas lotadas, disciplinas sem ementas, falta de aulas práticas e perda de bolsas de estudo são alguns dos problemas relatados à Agência Brasil por ex-estudantes da Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), descredenciados pelo Ministério da Educação (MEC) no início do ano. “Na quinta-feira, fizemos prova e tinha cadeira pra fora da sala. Faltam ementas de disciplinas, não tem como o aluno se preparar”, relata a estudante de medicina Ana Flávia Hissa, ex-diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Gama Filho.

Ana Flávia optou pela transferência assistida e estuda na Universidade Estácio de Sá. O maior problema do curso de medicina, segundo ela, é a falta de prática. “Estamos esperando uma decisão há um mês. O que nos dizem é que não tem hospital que comporte todos os alunos”, diz. “Chegaram a propor que a prática seja de 15 em 15 dias. Na Gama Filho, tinha matéria com prática diária. Não dá para fazer medicina e só tocar um paciente de 15 em 15 dias”.

Estudante da Veiga de Almeida, Domingas Pimentel, que cursa fisioterapia, queixa-se das dificuldades em acompanhar as aulas. “As [turmas] que nos colocaram têm aulas desde fevereiro, desde antes de entrarmos. Prometeram reposição das aulas, mas até agora não foi agendada. Tenho que me virar”.

O estudante de jornalismo da Veiga de Almeida Rafael Lima era bolsista integral na Gama Filho. Na nova instituição, recebeu dois boletos com o valor R$ 1.250 e o nome não consta nas listas de chamada dos professores. “Meu pai era funcionário e eu tinha bolsa de 100%. A Veiga prometeu continuar com as bolsas. Já levei meus documentos duas vezes e sempre dizem que vão analisar.”Juntas, as instituições descredenciadas tinham 10,8 mil alunos. O Ministério da Educação lançou editais para selecionar universidades que incorporassem os estudantes. Foram escolhidas a Universidade Estácio de Sá, Universidade Veiga de Almeida e Faculdade de Tecnologia Senac Rio (Fatec). Os editais previam uma série de condições construídas com os ex-alunos. Entre elas, a prática de medicina, o aproveitamento de matérias cursadas e a manutenção das bolsas de programas federais e institucionais.

Os estudantes reclamam também que estão tendo que cursar disciplinas que já fizeram, porque não têm os documentos que provam o histórico. Para buscar melhorias, um grupo de estudantes deve chegar a Brasília na quinta-feira (22), para tentar se reunir com o MEC e com parlamentares.

Em nota, a Veiga de Almeida diz que todas as bolsas estão sendo mantidas, conforme o acordado com o MEC e que, em caso de dúvidas, o estudante pode solicitar esclarecimentos pelo e-mail transferenciaassistida@uva.br.

A Estácio de Sá diz que a organização das turmas “está sendo aperfeiçoada com a contratação de novos docentes e a conclusão das obras de infraestrutura do campus”. Sobre as aulas práticas, diz que estão sendo feitos “grandes esforços e tratativas com os órgãos de saúde nas esferas federal, estadual e municipal para receber o grande quantitativo de alunos, o que implica grande complexidade e alguma demora no processo”.

Procurado pela Agência Brasil, o MEC diz que uma comissão de acompanhamento monitora permanentemente a transferência assistida e que uma comissão de especialistas faz avaliações nos locais. “[Quando há problemas], o Consórcio vencedor da licitação é acionado, para que seja verificada a origem das dificuldades e possibilidades de solução. Vale registrar que muitos desses problemas são decorrentes da falta de documentação acadêmica dos alunos, que ainda não foi disponibilizada pelos antigos mantenedores”, informa a pasta.

Sobre a questão da entrega dos documentos, o MEC diz que está adotando “as medidas cabíveis para que todo o acervo acadêmico seja entregue às instituições receptoras dos estudantes”.

Da Agência Brasil

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