Novo diretor afirma que a PRF não tem partido nem aceitará ‘investidas contra a democracia’

Segundo ele, é preciso recuperar a imagem de “polícia cidadã”. Ministro Flávio Dino diz que a “quase totalidade” de bons não pode ser contaminada pelos maus

A concorrida posse da nova diretoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na tarde desta quarta-feira (8), foi também uma espécie de desagravo à própria instituição, envolvida recentemente em episódios ainda sob apuração. O diretor-geral, Fernando Oliveira, fez referência a “atos isolados que eu considero abomináveis” e que, segundo ele, “lançaram sobre a PRF o véu da desconfiança“. E afirmou que o objetivo é “resgatar a nossa essência de polícia cidadã”.

No final de 2022, o ex-diretor-geral Silvinei Vasques se aposentou, aos 47 anos. Ele é investigado por suposto favorecimento ao então presidente da República durante as eleições do ano passado. Outro episódio que envolveu a PRF foi a morte, em 25 de maio, de Genivaldo de Jesus Santos em Umbaúba (SE). Abordado por policiais rodoviários, ele foi imobilizado e colocado no porta-malas de uma viatura, onde inalou fumaça.

Presente em todo o país

O novo diretor, que tem formação em Odontologia e Direito, é baiano de Salvador, mas viveu os 16 últimos anos no Maranhão. Em seu discurso, Fernando Oliveira disse que o país vive momento de reconstrução e defendeu a PRF, na qual entrou em 1994, presente em um país diversificado. “A Polícia Rodoviária Federal está em todos esses Brasis. É a instituição com maior capilaridade e presença no nosso território”, afirmou.

Ele também referência aos ataques de 8 de janeiro, “um dos dos episódios mais deploráveis do Estado brasileiro”, segundo definiu. Citou educação, civilidade e respeito ao próximo como “valores genuínos” da instituição. “A defesa dos ideias republicanos não pode ser meramente retórica. A Polícia Rodoviária Federal, como órgão do Estado, não tem partido e não irá pactuar com qualquer investida contra a democracia. Que haja justiça para todos, que haja paz para os brasileiros.”

Instituição cidadã

Oliveira também destacou o potencial econômico da área onde a corporação atual. Segundo ele, 75% da produção nacional passa pelas rodovias. “Estradas geram empregos, recolhem tributos, garantem o abastecimento e distribuem recursos.” Assim, emendou, a preocupação da PRF é “garantir a livre circulação, a segurança pública e levar ordem e cidadania a milhares de municípios às margens das rodovias”.

O diretor-geral disse ainda que a frota de veículos aumentou, mas a letalidade diminuiu nas rodovias os últimos anos. E ressaltou o empenho da corporação no combate a crimes.

“Estejam preparados para voltar a ver policiais rodoviários federais enfrentando bravamente a exploração sexual de crianças e adolescentes, o tráfico de seres humanos, o trabalho análogo à escravidão e todo tipo de mazelas que provocam o esgarçamento do tecido social”, afirmou. “Vamos resgatar a essência da PRF, uma instituição cidadã que conhece o Brasil como a palma da mão, que não está no dia a dia das cidades à toa.”

Cumprimento da lei

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino – de quem Oliveira já foi assessor na Câmara –, disse que o governo não se preocupa com as “preferências” dos servidores – políticas, pessoais e até futebolísticas. Mas acrescentou que elas “não podem anular o principal – qual seja, o compromisso de cumprir a lei”.

“O que nós temos é que zelar é que a imensa maioria, quase totalidade eu diria, dos bons, não sejam contaminados ou encobertos pelos maus”, acrescentou Dino. “Nenhuma instituição humana é infalível. Não acreditem nos maus que querem dividir, querem cindir o nosso trabalho, que deve ser unido pelo bem do Brasil, independentemente das nossas preferências pessoais de outrora ou de doravante.” Assim, sem citar nomes ou situações, o ministro afirmou ainda que cada um responderá conforme sua culpa. Mas afirmou que nada disso atinge a instituição.

Durante a cerimônia, o diretor-geral assinou protocolo de intenções com o Instituto Childhood para enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes. Além disso, foi firmado acordo de cooperação técnica com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realização de ações conjuntas de proteção ao meio ambiente.

Rede Brasil Atual

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