O fascismo, as massas, as religiões e a luta para derrotá-los
Por Nivaldo Mota*
O fascismo vem a galope. Com o recrudescimento do ambiente político advindo do golpe de 2016 e a vitória da extrema direita em 2018, nosso país mergulhou no obscurantismo político e somente uma saída é possível para reverter a situação: mobilizar as massas para derrotar o pacote econômico e, juntamente com isso, dizer, sem tergiversar, que a democracia burguesa não é a saída para resolver seus graves problemas!
Em 2016 o ovo da serpente era chocado dentro dos quartéis e afins. Muitos setores das FFAA bafejavam a onda conservadora em curso, apoiados por uma onda anti-esquerdista, que pegava todos, independentes de suas críticas ou posições — todos eram alinhados ao petismo — e, ainda por cima, colocava o PT como um partido comunista. Obviamente isso fazia parte da onda tresloucada, mas não burra, desses setores mais conservadores, mas que pegou na sociedade como algo nocivo. De repente ser de esquerda foi associado ao conservadorismo e aos desmandos administrativos, corrupção e algo ultrapassado, pavimentando o caminho para a vitória eleitoral da turma mais orgânica do fascismo.
Organicidade que não começou hoje. Engana-se quem acha que a sociedade consumiu o fascismo por engano. Existe um setor muito bem articulado entre eles, que vem ganhando corpo na estrutura apodrecida do sistema burguês para dar um golpe e passar uma narrativa como salvadores da pátria.
As religiões, em suas variadas matizes ideológicas, abraçaram o fascismo com o velho discurso da moral e dos bons costumes e tentam galvanizar para si o apoio das massas populares para as suas concepções.
Mesmo a Igreja Católica, que tem de A a Z em seu interior (aqui na América Latina, a Teologia da Libertação na década de 1980 viveu seus melhores momentos). Hoje a Igreja Católica vive dias de ebulição por conta do Papa Francisco, que a cada dia mostra sua face progressista e visão mais humanista e, por conta disso, vem sendo bombardeado dentro das igrejas e paróquias por padres e bispos mancomunados com as forças do atraso.
Vivemos uma luta global. De um lado, as forças do atraso, conservadores querendo impor em nome do capital financista e do imperialismo sua lógica de dominação, contando com o apoio de dentro das igrejas, evangélicos e outros, dos setores empresariais, da justiça e de uma mídia submissa. Todos bebendo da fonte do fascismo. Não se intimidam, falam abertamente nos cultos e missas.
As ditas evangélicas (todos os dias surge uma) agem em nome desse conservadorismo, arrebanham para si milhões de pessoas, como seitas organizadas, vão adequando suas posições para aniquilar qualquer pensamento contrário.
Levantam as vozes, trombeteiam dizendo-se que são representantes do céu na terra, prometem a riqueza material para seus fiéis, puro charlatanismo midiático, compram rádios e TVs, mentem descaradamente e suas narrativas influenciam milhares de pessoas todos os dias.
É comum ouvirmos ou lermos algo assim. Existe uma luta ainda surda, feita nos subterrâneos, mas parece que a esquerda de conjunto ainda não aprendeu. Setores reformistas, como os comunistas tradicionais e sociais democratas empedernidos, agem apenas para se garantir eleitoralmente, achando que isso resolverá todos os problemas da humanidade. Ledo e terrível engano!
Não vamos a lugar algum dessa forma. Não adianta fazermos mil passeatas, atos ou greves se não tivermos a certeza do que queremos. Não adianta canalizar as lutas para apenas servirmos de garçom para a festa da burguesia e suas eleições fraudulentas e mentirosas. É necessário mudar o rumo, o poder popular tem que ser construído já e agora, aproveitando os vacilo desSa própria burguesia e seus planos econômicos que não levam a nenhum lugar, apenas a mais fome e desesperança para o povo.
Os comunistas revolucionários vêm alertando: ou enfrentamos de forma direta e global o imperialismo, causa maior de todas as nossas vicissitudes, ou padeceremos em derrotas e derrotas.
O imperialismo controla todas as eleições, para quem o mercado olhar mais docemente leva o pleito. Para a esquerda ganhar com um programa, mínimo que seja, terá que fazer concessões aos patrões imperialistas. Se não fizer não governa.
Será que não aprendemos que o que tivemos de 2003 para 2016 foi o poder formal? Que ganhamos governos dentro da lógica capitalista e da democracia burguesa e todas as concessões feitas para governar levaram à desmoralização do maior partido de esquerda da América Latina?
Não podemos ter ilusões, não serão obra de uma pessoa ou de algumas pessoas as mudanças que precisamos fazer, mas sim do povo, guiado por um programa claro, que aponte que uma revolução socialista é a única saída para as suas amarguras e desilusões. Para dar cabo a tudo isso tem que fazer. Falar é necessário, teorizar é muito mais que necessário, mas mais do que isso tudo, fazer é o mais importante.
Quantos nos antecederam nesta luta? Muitos deram suas vidas, acreditando piamente que só uma mudança radical pode nos tirar do atoleiro capitalista e suas ideologias, mas quantos hoje se apoderam desses exemplos? No fundo muitos querem só manter o status quo de suas vidas, experimentam uma falsa ilusão de liberdade e acham que isso é o todo da vida.
*Nivaldo Mota é 1° diretor-secretário do Sinpro/AL
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