O inferno é aqui: Brasil tem 4ª maior inflação entre países do G20
“Já saímos do inferno”, diz Guedes. “Se algum ‘inferno’ da inflação passou, foi só no cartão corporativo do Bolsonaro, porque o povo brasileiro segue passando fome e na miséria”, reagiu Alexandre Padilha
“Já saímos do inferno”, diz Guedes. “Se algum ‘inferno’ da inflação passou, foi só no cartão corporativo do Bolsonaro, porque o povo brasileiro segue passando fome e na miséria”, reagiu Alexandre Padilha.
Para quem fatura alto mantendo um gordo patrimônio bem alocado no exterior, o inferno não existe, só o paraíso. Melhor ainda se for fiscal. Assim é a vida do glorioso banqueiro que hoje comanda a pasta da Economia, e que enxerga um esplendoroso céu de estrelas, enquanto preços descontrolados incendeiam a renda do trabalhador no mundo real. Nesta quinta-feira (19), Guedes – o colosso que será o primeiro ministro a conseguir a façanha de entregar um salário mínimo ao final do mandato de Bolsonaro menor do que quando o extremista chegou ao Planalto – saiu-se com essa: o inferno da inflação “passou”. Que o diga quem ganha um salário mínimo. Pena que o Brasil de Guedes só existe na sua cabeça, como demonstra um levantamento que coloca o país como a nação com a 4ª maior inflação entre países do G20.
“Está faltando manteiga na Holanda, tem gente brigando na fila da gasolina no interior da Inglaterra, que teve a maior inflação dos últimos 40 anos e vai ter 2 dígitos já já. Eles estão indo para o inferno. Nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço”, mentiu o czar da economia, em mais uma delirante fake news, no mesmo dia em que o governo revisou de 6,6% para 7,9% a projeção para a inflação de 2022.
Atualmente, com um índice inflacionário acumulado, no último ano, em 12,1%, o Brasil só perde para a Turquia (69,9%), a Argentina (58%) e a Rússia (17,8%), que está envolvida em um conflito com a Ucrânia. Mas o quadro brasileiro é agravado pelo tripé do atraso, formado por desemprego, juros altos – os dois acima de dois dígitos – e queda na renda.
Em comparação com as seis economias mais fortes da América Latina, o Brasil ocupa a 3ª posição no ranking, atrás apenas da Venezuela (172%) e da Argentina. Temos, portanto, uma inflação superior a do Chile (10,2%), e do México (7,6%).
Durante esse período de um ano, a inflação fora de controle e espalhada em cadeia, de cerca de 11,7%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve efeito devastador para a economia das famílias.
E, ao contrário do que dizem os produtores de fake news Guedes e Bolsonaro, a inflação continua alta no país, fenômeno verificado muito antes da guerra, que só agora castiga outros países e, claro, o Brasil.
“Tudo que podia dar errado, deu”, resumiu a economista da XP, Tatiana Nogueira, em entrevista ao Poder 360. De acordo com a agência de notícias, o Brasil tem sido afetado pelo conflito, pelo preço das commodities e a escassez de suprimentos, mas “há, internamente”, causas da alta da inflação.
Erosão dos salários
Em apenas 12 meses, o poder de compra despencou 8,1%, uma indicação de que os salários não estão acompanhando o galope inflacionário no país. E é justamente isso que explica, por exemplo, a profissão de faxineiro ter sido brutalmente afetada pela inflação, com uma perda salarial de 16%, segundo levantamento da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Como Guedes bem sabe, mas finge não saber, a inflação é sempre mais alta para a população de renda muito baixa. No acumulado de 12 meses até abril, a inflação para esse segmento da população bateu 12,7%, enquanto para os mais ricos, chegou a 10,8%, segundo o IPEA. Famílias de renda muito baixa são aquelas que têm faixa mais baixa que R$ 1.726,01 por mês. Já as famílias de renda alta são as que recebem mais de R$ 17.260,14. Fatos que são prontamente ignorados pelo czar da Economia.