“Ordem errada não se cumpre”, diz general, sobre ‘7 de Setembro’ em Copacabana
“Com certeza, é uma tentativa de envolver as Forças Armadas e policiais no processo eleitoral, o que, na minha opinião, é totalmente fora de propósito”, afirmou o general Paulo Chagas
O general Paulo Chagas, ex-aliado de Bolsonaro, afirmou nesta terça-feira (2) ao colunista Chico Alves, do UOL, que a convocação do governo para as comemorações do 7 de Setembro na orla de Copacabana é fora de propósito.
“Com certeza, é uma tentativa de envolver as Forças Armadas e policiais no processo eleitoral, o que, na minha opinião, é totalmente fora de propósito”, disse o general Chagas. “Eu não gostaria de ser testemunha deste absurdo e não acredito que os militares próximos ao presidente bem como o Almirantado e os Altos Comandos apoiem esta infantilidade”, acrescentou o militar.
Segundo afirmou Bolsonaro, o desfile terá a participação da polícia. O prefeito do Rio, Eduardo Paes disse que não recebeu nenhum comunicado sobre esta decisão e que soube pela imprensa. A prefeitura é responsável por fornecer a estrutura física do desfile, incluindo arquibancadas e grades de proteção. “A Avenida Atlântica, caso seja desejo se realizar lá o evento, apresenta alguns desafios. Não custa lembrar que os calçadões daquela avenida são tombados e que ali existe uma quantidade muito grande de moradores”, diz Paes.
Para o general Paulo Chagas, a reação deve ser drástica: “Eles podem dizer ao presidente que essa é uma ordem errada e que ordem errada não se cumpre”, assinalou, sobre a tentativa de transformar a data da Independência em um verdadeiro comício eleitoral a menos de um mês do primeiro turno. E o mais grave é que a decisão intempestiva pegou de surpresa o Comando Militar do Leste e a Prefeitura, responsáveis pela organização e infraestrutura do evento.
Comunicado pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, na última sexta-feira (29), o Comando Militar do Leste estaria com tudo preparado para que o evento ocorresse na Avenida Presidente Vargas pela manhã, como de costume. E, em vez de começar pela manhã como é a tradição, também foi requisitado que o desfile seja iniciado a partir das 16h, já que mais cedo o presidente participará de evento em Brasília.
“O presidente está usando as forças militares política e eleitoralmente, o que é errado! É uma forma de depreciar o prestígio das Forças Armadas”, avalia Chagas. Ele disse que a intenção por trás da ordem é uma tentativa de manipulação eleitoral da data nacional. “É isso que eu chamo de ‘intenção por trás da ordem’”, afirmou o general. “Sou absolutamente contrário ao uso político do cargo de comandante das Forças Armadas por quem quer que seja”, concluiu o militar.