Partidos, mídia e grupos de direita realizam marcha golpista no país
Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas de cerca de 20 capitais de estados, convocadas por grupos de direita e ultradireita, por partidos neoliberais e conservadores, como o PSDB e seus aliados. Em todos os atos era notável a predominância de pessoas da elite endinheirada, preocupada em defender seus privilégios, que consideram ameaçados pelas políticas públicas do governo democrático-popular.
As manifestações contaram com financiamento empresarial, a infraestrutura de uma central sindical que traiu os trabalhadores brasileiros, e tiveram a seu serviço uma ampla, massiva e nauseante agitação política e propagandística realizada durante mais de um mês e desde as primeiras horas do dia pela Rede Globo de Televisão, estações de rádio e as edições on line dos principais jornais monopolistas.
A maior concentração ocorreu em São Paulo, que reuniu cerca de 200 mil pessoas. Houve também numerosas demonstrações em Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, na mais contundente manifestação política da direita brasileira nos 30 anos de vida institucional democrática que se completam precisamente neste domingo. Nesta data, em 1985, tomava posse o primeiro presidente civil, depois de 21 anos de ditadura militar.
As palavras de ordem dos direitistas se expressaram nas faixas pedindo o impeachment da presidenta Dilma, o golpe militar e a volta da ditadura, o que desmascara o verdadeiro caráter retrógrado dos “protestos”, que pretensamente seriam contra a corrupção.
Estas bandeiras indicam que, sendo de oposição ao governo da presidenta Dilma e visceralmente hostis ao PT e às esquerdas, as manifestações deste domingo são principalmente contrárias à democracia e aos direitos sociais e humanos.
A presença expressiva de manifestantes e as bandeiras antidemocráticas desafiam o governo e as forças progressistas, são uma espécie de sinal de alerta para que a esquerda e o movimento popular, a exemplo de sexta-feira (13), atualizem suas estratégias e táticas políticas e métodos de ação. Cair no defensivismo ou render-se a uma agenda contraditória com o programa vencedor nas eleições não ajudará em nada. O desafio deve ser respondido com novas manifestações com caráter progressista e em apoio ao governo democrático-popular liderado pela presidenta Dilma.
Urge retomar com ainda maior vigor a contraofensiva para assegurar a realização de reformas estruturais democráticas no país e fazer avançar o ciclo político iniciado com a primeira eleição de Lula, em 2002. Em primeiro lugar, está na ordem do dia a luta pela reforma política, conjugada com a intensificação dos esforços para a retomada do desenvolvimento nacional e a proteção aos direitos dos trabalhadores.
A marcha golpista deste domingo só foi possível pela desfaçatez com que a mídia golpista exerce o monopólio dos meios de comunicação. A convocação sistemática das manifestações, a criação de um ambiente propício ao golpe desmascaram estes veículos como instrumentos dos mais escusos interesses antinacionais e antidemocráticos. Entre os principais desafios atuais para as forças progressistas e o governo está o enfrentamento desse monopólio, através de uma reforma profunda no setor.
A marcha golpista torna evidente a necessidade de fortalecer um núcleo de esquerda consequente no âmbito da base política e parlamentar de apoio do governo Dilma. Igualmente, é indispensável promover a unidade e aumentar a capacidade de mobilização e organização dos movimentos populares e sindicais.
Impõe-se a realização de intensa campanha política, baseada na mobilização das forças democráticas patrióticas e populares em defesa do mandato da presidenta Dilma, para assegurar que ela governe executando o programa consagrado nas urnas em outubro passado.
Por José Reinaldo Carvalho e Wevergton Brito, do Portal Vermelho