Partidos que apoiam Lula e Alckmin se reúnem para traçar diretrizes e ampliar apoios

Encontro teve a presença dos candidatos e dos presidentes dos seguintes partidos: PT, PSB, Solidariedade, PSol, PCdoB, PV e Rede. Houve debate, também, sobre áreas temáticas da pré-campanha

A Chapa Lula-Alckmin reuniu, nesta segunda-feira (23), em São Paulo os sete partidos — PT, PSB, PCdoB, PSol, PV, Rede e Solidariedade — com propósito de encaminhar e traçar diretrizes do programa, e resolver questões relativas às eleições nos Estados.

A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), depois da reunião realizada pela manhã com os representantes partidários e também com a presença dos pré-candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República, respectivamente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), explicou que foi feita “avaliação política, em cima de dados de pesquisas e estudo de série histórica, desde 2021”, para entender uniformemente o processo político-eleitoral em curso.

“Vai ser uma eleição dura, disputada. Sabemos como eles jogam [o bolsonarismo], com as fake news, com a violência, com a tentativa de mudar de foco aquilo que é essencial, que é a vida do povo”, destacou Gleisi.

Ela também informou que foi feito “bom debate político” na parte da manhã e ainda sobre a “importância da nossa unidade e também da ampliação do nosso movimento”, destacou.

A intenção das lideranças da composição partidária e social que apoiam Lula e Alckmin, segundo a presidente do PT, é “além dos sete partidos, nós procurarmos não só outros partidos, mas também lideranças políticas, a fim de ampliar em âmbito nacional e ampliar no âmbito dos Estados”, fundamentou Gleisi, ao discorrer sobre o objetivo da reunião.

Além dos presidentes dos sete partidos, participaram, ainda, representantes das siglas, como os ex-governadores Márcio França (PSB-SP) e Wellington Dias (PT-PI), o ex-ministro Luiz Dulci e o líder dos sem-teto Guilherme Boulos (PSol-SP).

Marcaram presença, também, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Paulo Rocha (PT-PA), os prefeitos João Campos (PSB-PE) e Edinho Silva (PT-SP), os deputados federais Rui Falcão (PT-SP), Ivan Valente (PSol-SP), Paulo Teixeira (PT-SP) e Reginaldo Leite (PT-MG).

ANÁLISE DO CENÁRIO POLÍTICO

No começo do encontro, Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, fez apresentação sobre o cenário político. Coimbra levantou três elementos sobre pesquisas: “estabilidade inédita” dos índices de intenção de voto nas pesquisas, com favoritismo de Lula; consolidação de votos em torno do petista e do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na reunião, ao descrever Alckmin como “vice dos sonhos”, Lula afirmou que não achava que encontraria um vice tão qualificado quanto José Alencar. Mas, agora, teria mudado de opinião e que não teria vice melhor que o ex-tucano.

Segundo o deputado federal Ivan Valente, Lula lembrou que tem sido cobrado a apresentar novidades nos discursos dele, ao invés de falar da gestão passada.

O ex-presidente disse, no entanto, que o novo hoje é a volta da valorização do salário mínimo e da retomada do papel do Estado como indutor do crescimento social e econômico. Lula voltou a se manifestar contra a privatização de Eletrobrás e Petrobrás.

NÃO CAIR EM ARMADILHAS

O ex-presidente falou que foi cobrado a se manifestar sobre o caso do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), mas não se deixaria pautar pelo discurso de Bolsonaro. Ele admitiu ser necessário melhorar a atuação da campanha nas redes, mas é a política que vai definir a eleição.

À imprensa a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou Bolsonaro e afirmou que a campanha deste ano será “muito judicializada por conta das barbaridades que eles fazem”.

“Espero que as instituições, principalmente o TSE [Tribunal Superior Eleitoral], tomem medidas firmes em relação a fake news e a propagação de fake news”, lembrou.

A dirigente afirmou, aind,a que espera ter conversa com o TSE sobre o aplicativo de mensagens Telegram, que não tem escritório no Brasil. “Vai ter um escritório aqui? Tem algum representante? Vai ter regras sobre isso? Ou vai ser terra de ninguém, vai poder falar o que quiser, do jeito que quiser e todo mundo vira vítima?”.

“Porque tem um momento em que nós somos as vítimas, mas depois as vítimas também passam a ser as instituições como está sendo o TSE e o Supremo Tribunal Federal. Eles têm responsabilidade em relação a isso para fazer com que esse processo eleitoral seja o mais limpo possível”, argumentou.

APROXIMAÇÕES

Gleisi informou que a coordenação da pré-campanha ainda não discutiu eventual aproximação com o ex-governador João Doria, que anunciou nesta segunda-feira que não irá mais concorrer à Presidência.

“Não somos contra conversar com ninguém que se coloca nesse campo democrático, mas isso ainda não foi discutido”, disse.

A deputada seguiu dizendo que a coligação trabalha para ampliar alianças com figuras políticas e demais partidos, entre eles PSD, MDB, Avante e Pros. E disse que será uma eleição “disputada e dura”.

PRIMEIRO TURNO E PAPEL DE ALCKMIN

O clima da reunião foi de otimismo. Antes de o encontro começar, aliados de Lula afirmaram ser possível e necessário ampliar as alianças — para além do campo da esquerda.

Presidente do Solidariedade, o deputado federal Paulinho da Força (SP) afirmou que é possível atrair partidos da chamada terceira via. “Como a terceira via vem definhando a cada dia que passa, acho que é possível ampliar as alianças nesses partidos que os candidatos não pegaram no tranco e nem vão pegar”, comentou o líder partidário.

Para ele, Alckmin poderá atuar na ampliação das alianças.

“Ele tem espaço hoje no Brasil inteiro e pode trabalhar para fazer isso além da esquerda, ir além do centro. A eleição vai se estreitar cada dia mais, eu não acredito em segundo turno. Por isso precisamos fazer que a candidatura do Lula seja a de quem quer tirar o Bolsonaro e reconstruir o Brasil”, disse.

‘PARTIDOS EM DEFESA DA DEMOCRACIA’

O senador Randolfe Rodrigues afirmou que mantém diálogo com candidaturas de nomes como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) e que é preciso “sentar à mesa com todos os partidos em defesa da democracia”.

“O resultado dessas eleições não será aceito por Jair Bolsonaro. Derrotá-lo no primeiro turno é uma necessidade para a democracia brasileira, é civilizatória. Não sei se conseguiremos, não quero subestimar”, disse o senador.

ESTRATÉGIAS DA PRÉ-CAMPANHA

Guilherme Boulos, que presidirá a federação PSol-Rede, disse que é preciso discutir estratégias de mobilização da pré-campanha.

“Essa vai ser uma campanha de mobilização pelo nível de polarização, pela forma odiosa como Bolsonaro tenta trazer o debate. Vamos precisar de mobilização da sociedade para que o Lula consiga uma vitória forte, expressiva e que também não dê margem nem brecha para qualquer alucinação golpista”, afirmou o líder psolista.

O prefeito de Recife, João Campos (PSB), previu que as eleições irão exigir “desprendimento de todos nós” e que Alckmin trará “legitimidade” ao processo encabeçado por Lula.

“A própria figura dele fala por si. Ele tem um perfil muito conciliador, é uma pessoa que consegue ter legitimidade e ser muito respeitada em segmentos importantes da sociedade. A máxima de uma eleição é a capacidade de juntar. Vence quem junta, quem agrega, inclusive, os diferentes”, pontificou Campos.

ÁREAS TEMÁTICAS DA PRÉ-CAMPANHA

Na parte da tarde foi realizada reunião de trabalho com representantes dos partidos sobre áreas temáticas da pré-campanha, como agenda, finanças, comunicação, mobilização e programa de governo.

Cada um desses temas vai ser discutido em pequenos grupos. A ideia é que esses dialoguem com a coordenação da pré-campanha ao longo deste ano.

Na próxima semana, Lula e Alckmin deverão seguir para agendas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina — será a primeira viagem da dupla. A pré-campanha começou.

Hora do Povo

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