Plenária de Gênero e Raça da CTB insere combate à discriminação
Com a temática “construindo a igualdade na diversidade”, a CTB realizou sua I Plenária Nacional de Gênero e Raça, em Salvador (BA). O encontro, que ocorreu na última sexta e sábado (19 e 20), no Hotel Sol Barra, no bairro da Barra, reuniu sindicalista de todo o Brasil e representações de entidades do movimento negro, feminista, juventude e LGBT, com o intuito de inserir o combate à discriminação na pauta de lutas do movimento sindical.
As discursões estabelecidas no debate, fruto da parceria das secretarias de Políticas Sociais, Mulher Trabalhadora e da Igualdade Racial da CTB, servirá de apoio para a construção da tese do 3º Congresso Nacional da CTB, como explicou a secretária da Mulher, Trabalhadora Raimunda Gomes, a Doquinha. “Queremos construir um documento base que sustente um plano de lutas que transversalize a questão da diversidade”, disse.
Doquinha defendeu ainda uma política unificada. “Há uma inquietação entre os trabalhadores em fazer o debate de forma mais ampla e não só em suas particularidades. Por isso, nossa ideia é incorporar essas lutas na pauta geral e nas bandeiras coletivas da CTB, buscando mais protagonismo na defesa das minorias”, explicou a dirigente.
De acordo com a secretária de Igualdade Racial da CTB, Mônica Custódio, é impossível pensar em desenvolvimento econômico e social sem priorizar uma política de inclusão. Ela afirma que esse é o diferencial da CTB. “A questão objetiva é que criamos musculatura de ser a terceira central. Então, entendemos que nossas bandeiras passam necessariamente pela defesa de políticas de minorias, que sabemos que não são tão minorias assim, já que na questão racial o Brasil tem a segunda maior população negra fora da África”, concluiu.
Programação
Na palestra de abertura, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB/BA) foi convidada a fazer um levantamento dos projetos em curso no Congresso Nacional para combater as desigualdades. A parlamentar destacou avanços recentes, como a aprovação da PEC do Trabalho Doméstico, a Lei de Cotas nas Universidades e a Lei Maria da Penha. Alice falou da dupla jornada imposta às mulheres, da necessidade de uma consciência social e defendeu que as negociações coletivas levem em consideração “questões fisiológicas de homens e mulheres”.
Como exemplo, lembrou que o número de mulheres chefiando famílias tem crescido substancialmente no Brasil. “A mulher é a retaguarda do núcleo familiar e quando a ela é demitida, a prole fica desabrigada”, explicou Alice Portugal. Ex-presidente de sindicato e primeira mulher a ocupar a executiva nacional da CUT, ela concluiu: “ser sindicalista é tratar das questões do trabalhador de forma transversal e a CTB, nasceu com esse compromisso. Esse evento é o reconhecimento da natureza especial da CTB nesta questão”.
Outra parlamentar que também compareceu ao evento, foi a senadora baiana Lídice da Mata, ela cumprimentou os presentes, mas não pôde permanecer na plenária por conta de compromissos. No sábado, a plenária recebeu a gerente de projetos da Secretaria Especial de Políticas de Igualda Racial da Presidência da República, Eunice Léa de Moraes, que estava na Bahia para um evento de celebração dos 10 anos da SEPIR.
Eunice Léa comentou que a secretaria está desenvolvendo um plano de ação específico para as mulheres negras visando o empoderamento e fortalecimento da organização de mulheres negras. “Para que elas se coloquem no mundo como liderança, inclusive nas carreiras ditas ‘masculinas’ como tecnologia, inovação e informática”, explicou.
Balanço
“No momento em que uma onda conservadora paira sobre o Brasil e se revela em homofobia e na criminalização dos movimentos sociais, tratar de políticas públicas de gênero e raça é fundamental e faz parte da estratégia da CTB, em seu plano de desenvolvimento com valorização do trabalho”, reforçou o secretário de Políticas Sociais da Central, Carlos Rogério Nunes, comemorando o sucesso da plenária, que teve o apoio do FitMetal Brasil e da CTB-BA.
Anfitriões do evento, os baianos estavam honrados em receber dirigentes sindicais de todo o Brasil por uma causa tão nobre. “Agradecemos a oportunidade de sediar o evento. A CTB-BA sempre foi firme em sua posição relacionada às questões sociais e de gênero e acreditamos que ampliar esse debate pode fazer a diferença na luta dos trabalhadores”, destacou a secretária da Mulher Trabalhadora da CTB-BA, Rosa de Souza.
Para o presidente regional da Central, Adilson Araújo, o evento celebrou a necessidade de focar em políticas de reparação e enriqueceu o debate sobre as diretrizes neste quinto ano de existência. “Buscamos hoje construir igualdade de oportunidades, assim a Bahia recebeu esta plenária da CTB Nacional com o objetivo de desenhar uma plataforma focada na melhoria da condição de vida do trabalhador. Em especial, esse debate coincide com um conjunto de congressos estaduais que terão entre suas bandeiras de luta a correção de distorções históricas, que penalizam mulheres e negros no mercado de trabalho”.
Comunicação fortalecida
Ao final dos debates da sexta-feira, os participantes da plenária foram presenteados com coquetel e apresentação musical durante o lançamento do segundo número da Revista Mulher D’Classe, para os baianos. A publicação discute temas do cotidiano e, especialmente nesta edição, sobre mulheres nos espaços de poder. A confraternização ao ar livre, em uma Praça no Porto da Barra, reuniu ainda militantes da Unegro, UJS, UBM, Fórum de Mulheres Negras e de diversos sindicatos do estado.
Do Portal CTB