Políticos reagem a ataques contra Erundina: ‘Basta de truculência e barbárie no Congresso’
Para Jandira Feghali (PCdoB-RJ), extrema direita usa a violência política para tentar interditar o debate no parlamento. Primeira-dama Janja também clamou pela retomada da civilidade na política
A deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) deve deixar a UTI nesta sexta-feira (7) e seguir para o quarto. A parlamentar foi internada no Sírio Libanês, em Brasília, após passar mal ontem durante sessão da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Enquanto tentava ler seu parecer contra a retirada de pauta do Projeto de Lei (PL) 1156/2021, que obriga o Estado brasileiro a identificar publicamente os lugares onde ocorriam a repressão política durante a ditadura, a deputada foi alvo de piadas e interrupções de deputados bolsonaristas.
Os ataques contra deputada, decana da Câmara, desencadearam uma onda de solidariedade. Ao mesmo tempo, políticos e personalidades também se manifestaram em repúdio às práticas bolsonaristas. Utilizam-se do ódio político e xingamentos a opositores, com o único objetivo angariar segundos de audiência nas redes sociais.
Nesse sentido, ainda ontem, a vice-líder do governo na Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reagiu à violência política da extrema-direita. “Não é mais possível que este clima explosivo seja tolerado no parlamento brasileiro. Este comportamento é um ataque frontal à divergência de ideias e à própria democracia. Em nome da civilidade e em solidariedade à nossa querida Erundina, conseguimos pressionar e suspender a sessão no plenário. Basta de truculência e barbárie no Congresso!”, apelou.
Do mesmo modo, pelas redes sociais, o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) também prestou solidariedade à sua colega de partido, após ser desrespeitada por bolsonaristas.
Investigação
Já o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) também clamou pelo fim da violência política e disse que vai pedir punição as parlamentares que ridicularizaram Erundina. Além disso, ele ressaltou que o preconceito contra pessoa idosa – etarismo – é um crime tipificado pelo Estatuto do Idoso.
Com efeito, a deputada Erika Hilton (Psol-SP) disse que Erundina passou mal “pela consequência de horas de violência, xingamentos, empurra empurra, desrespeito” que os bolsonaristas causaram durante a sessão da comissão, tendo como alvo diversos parlamentares de esquerda. “Erundina é uma fortaleza e uma inspiração. Torço e mando energias para que se recupere prontamente e volte para seguir nos ensinando, guiando e iluminando em meio às trevas que tomam a Câmara dos Deputados”, escreveu a deputada.
Machismo e Transfobia
Também ontem, durante audiência com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Nikolas Ferreira (PL-MG) protagonizou mais um caso de transfobia. Ele insistiu para que a ministra definisse “o que é ser mulher”. Ainda mais, indagou “se mulher trans menstrua ou se mulher trans pode engravidar”.
A deputada Camila Jara (PT-MS) reagiu à provocação, oferecendo ao deputado bolsonarista um exemplar do livro E eu não sou uma mulher?: Mulheres negras e feminismo (Ed. Rosa dos Tempos), um clássico da da escritora negra e ativista Bell Hooks. “Ele nem quis pegar. Só queria lacrar mesmo”.
Em setembro do ano passado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) aceitou a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e tornou Nikolas réu em caso envolvendo a publicação de um vídeo de uma adolescente trans. No caso, ela utilizava o banheiro feminino de uma escola particular de Belo Horizonte.