Prisioneiras palestinas libertadas por Israel denunciam tortura em prisões
Tel Aviv entregou seis mulheres e 33 crianças neste sábado, segundo dia da trégua que interrompeu a ofensiva militar contra Gaza
“As meninas palestinas (presas em Israel) passaram por coisas que ninguém deveria enfrentar”. Essas foram algumas das primeiras palavras de Israa Jaabis, uma das seis mulheres adultas palestinas libertadas no sábado (25) a partir do acordo de troca de prisioneiros entre Israel e Hamas.
Além de Jaabis, outras cinco mulheres adultas e 33 menores de idade (entre meninas e meninos) puderam deixar a prisão de Ofer e regressar à Cisjordânia. Algumas delas conversaram com meios de imprensa árabes e denunciaram o cotidiano de tortura e opressão imposto por Israel aos presos palestinos.
“Os abusos e espancamentos são constantes”, acrescentou Jaabis em seu relato, que incluiu uma alusão, embora não de forma clara, a que as meninas também seriam submetidas a abusos sexuais.
Um dos menores libertados, Shorouk Dwayyat, contou que os prisioneiros palestinos também eram submetidos a tortura psicológica e a um regime de restrições alimentares. “Foi um período de terror, no qual enfrentamos fome e sede, entre outras coisas”, comentou.
Outra das mulheres que voltou a casa neste sábado foi Maysoon Al-Jabali. Ela reforçou os testemunhos de violência e disse que as autoridades prisionais israelenses só permitiam o tratamento médico a prisioneiros que estavam gravemente doentes.
“Muitos dos que adoeceram na prisão sofriam justamente por causa das torturas e restrições”, acusou a ex-prisioneira.
Ataque policial às celebrações
O retorno de Israa Jaabis à casa foi acompanhado por uma equipe de reportagem do canal Al Jazeera, do Catar, que mostrou como a liberdade não a livrou totalmente da repressão israelense, já que a polícia de Jerusalém chegou a invadir a sua casa e retirar pessoas que a esperavam no local.
Perto da prisão de Ofer ocorreram confrontos entre pessoas que vieram celebrar a libertação dos prisioneiros e as forças de segurança israelenses, que usaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e impedir as celebrações. Pelo menos quatro palestinos foram feridos por tiros.