PSDB desmonta educação em SP: professores em greve há 2 meses

Ontem (14) a greve dos professores da rede estadual de São Paulo completou dois meses. Neste período, um episódio chocante marcou a luta da categoria no Paraná, cujo governo também é do PSDB. Geraldo Alckmin e Beto Richa, respectivamente, não estão dispostos a negociar ou avançar nas pautas propostas pelos trabalhadores.

Apesar de a greve em São Paulo ter começado no dia 13 de março, a primeira negociação só aconteceu nesta quarta-feira (13), dois meses depois

Nos dois estados a educação está longe de ser prioridade, mas isso não significa uma falha no planejamento, reajuste do orçamento, entre outras justificativas. O desmonte da educação pública é um projeto de governo colocado em curso há 20 anos em São Paulo e está começando agora no Paraná.

Dois meses de greve é tempo mais que suficiente para o governo iniciar um diálogo e unir esforços para atender as demandas, afinal, trata-se da educação dos jovens que em pouco tempo serão adultos e vão ingressar na universidade e no mercado de trabalho.

As exigências dos professores de São Paulo não são exorbitantes, pelo contrário, são necessidades básicas para o bom funcionamento das salas de aula e do desenvolvimento profissional dos educadores.

Uma das pautas é a reabertura de salas, porque hoje há turmas do Ensino Médio com mais de 80 alunos, só este exemplo já mostra o descaso do governo com a Educação, mas há mais motivos para manter os professores fora das salas de aula. Atualmente o salário da categoria em São Paulo começa em R$ 1,9 mil e não chega a R$ 4 mil no ápice da profissão, pouco, ou quase nada, se investe em plano de carreira.

Recursos básicos como água e material de limpeza faltam nas escolas, laboratórios defasados e estruturas decadentes são maquiadas, de tempos em tempos, com novas pinturas, para forjar investimentos. Esse desmonte é o exemplo claro do plano de governo do PSDB, cujo objetivo é reduzir o máximo possível o Estado e fomentar o livre mercado. Neste projeto, a Educação se torna apenas mais uma moeda de troca.

Ao mesmo tempo que a categoria tenta fortalecer o movimento e manter a unidade, aumentam as denúncias de ameaças e assédios por parte da Secretaria de Educação, principalmente contra professores em período probatório. Em muitos casos, para não deixar transparecer a greve, os alunos são mantidos na escola mesmo sem aulas.

No princípio o governador Geraldo Alckmin não reconhecia a greve, chegou a dizer que era “todo ano a mesma novela”. Se todo ano é “a mesma novela”, significa que não é de hoje a precarização consciente dos serviços públicos. O passo seguinte foi tentar deslegitimar a greve, há dois meses que os grevistas não recebem salários, decisão esta que foi reprovada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

A presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, conhecida como Bebel, foi enfática em dizer que é preciso “constituir uma trincheira de resistência no estado de São Paulo para enfrentar o governador Geraldo Alckmin e seu partido”. Os professores têm consciência de que a luta não é só para melhorar as condições de trabalho e os salários, mas sim para garantir educação pública de qualidade a todo jovem paulista.

Para a secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp, Francisca Pereira Rocha Seixas, em 2014 o governo “extrapolou os limites” do descaso com a educação. Ela, que leciona há mais de 20 anos, viu o início e o fortalecimento deste projeto de precarização da escola pública e não hesita em afirmar que a Educação está sendo desmontada em três pilares: más condições de trabalho, desvalorização do profissional da educação e plano de carreira ineficiente.

Do Portal Vermelho

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