Quase 100% dos empregos privados criados em 2017 foram informais
Número de desempregados (12,7 milhões) caiu em relação a julho e aumentou em um ano. Mas o trabalho com carteira assinada continua diminuindo. O número de vagas formais criadas pelo setor privado em 2017, até outubro, é tão baixo que foi considerado estatisticamente irrelevante pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa nacional de desemprego foi a 12,2% no trimestre encerrado em outubro, abaixo de julho (12,8%) e acima de igual período do ano passado (11,8%), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, divulgada nesta quinta (30). Mas a ligeira melhora no período recente segue mostrando que o mercado de trabalho brasileiro está “trocando” empregados com carteira assinada por trabalhadores informais. E isso mesmo antes da nova legislação laboral entrar em vigor.
Das 2,303 milhões de vagas geradas no país ao longo deste ano, 75%, ou 1,743 milhão, são informais. Os postos restantes foram gerados pelo setor público. As empresas privadas geraram apenas 17 mil vagas dentro deste ano, variação considerada estatisticamente irrelevante.
“No setor privado, praticamente 100% das vagas geradas foram informais. O restante foi serviço público”, disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, em entrevista coletiva sobre a pesquisa.
De acordo com a pesquisa domiciliar do IBGE, os setores que mais geraram emprego são o setor privado sem carteira assinada (mais 721 mil postos), trabalho doméstico (mais 159 mil), empregador (mais 187 mil) e o conta própria (mais 676 mil). O setor público, que é formalizado, gerou 511 mil postos no período.
Segundo Azeredo, a crise econômica e o cenário político conturbado inibem o processo de investir e empreender, tendo como consequência o aumento da informalidade.
Mesmo com a melhora recente do emprego, o número de pessoas em busca de trabalho era de 12,74 milhões no trimestre encerrado em outubro. Trata-se do dobro do apurado de agosto a outubro de 2014 (6,45 milhões).
Entre os setores de atividade, de julho para outubro o emprego cresceu na construção e em serviços de informações, atividades financeiras, imobiliárias e administrativas, mantendo-se estável nos demais. Em 12 meses, cresce na indústria, no comércio/reparação de veículos e parte dos serviços, caindo na agropecuária.
Estimado em R$ 2.127, o rendimento médio ficou estável na comparação com julho deste ano e com outubro do ano passado. A massa de rendimentos (calculada em R$ 189,8 bilhões) cresceu 1,4% e 4,2%, respectivamente.