Recursos do Fundeb devem apoiar professor que atua em áreas mais vulneráveis
Em debate sobre a regulamentação do fundo, especialistas propõem melhores salários e formação continuada para valorizar o magistério
A regulamentação do Fundeb (PL 4372/20) deve prever mais suporte aos professores que atuem em localidades de mais vulnerabilidade social. Essa foi uma das sugestões tiradas de reunião do ciclo de debates sobre a regulamentação do fundo, realizada nesta quarta-feira (4). A reunião, coordenada pelo deputado Professor Israel Batista (PV-DF), teve a participação do relator do projeto de regulamentação, deputado Felipe Rigoni (PSB-ES).
Pelas novas regras do Fundeb permanente, os profissionais de educação devem receber 70% da complementação da União para estados e municípios, sendo que o total de recursos vai subir gradativamente. Hoje esse percentual é de 60%. O deputado Professor Israel citou vários dados que mostram uma desvalorização da profissão de professor no país:
“49% dos professores não recomendam a profissão aos seus alunos e apenas 2,4% dos jovens brasileiros de 15 anos de idade têm o sonho de seguir na carreira docente. Esse é o menor índice medido pela pesquisa Pisa, pela prova Pisa que depois faz uma pesquisa no ano seguinte organizada pela OCDE”, disse.
Formação continuada
A gerente do Movimento Profissão Docente, Caroline Tavares, citou ainda a necessidade de formação continuada. Ela explicou que hoje a profissão não incentiva o aperfeiçoamento pessoal e a permanência em sala de aula. E citou uma pesquisa com estudantes que falam porque desistiram de atuar como professores:
“Porque o salário não é atrativo e o professor não é valorizado nem pela sociedade nem por mim. Eu, como aluno, não respeito aquele professor que está dando aula para mim. Então isso é bem evidente do quanto isso precisa ser mudado no Brasil”, observou.
Vulnerabilidade
Para o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, os recursos para os professores não devem seguir critérios meritocráticos:
“Eles devem ser pautados em uma discussão muito extensa sobre a questão da vulnerabilidade. Ou seja, lugares que precisam de professores mais experientes, que têm a necessidade de manter o professor e de estabilidade para os professores naquela região”, explicou.
Já o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, Luiz Miguel Garcia, criticou a formação inicial dos professores feita pelas universidades. Segundo ele, não há uma preparação efetiva para atuar em sala de aula. E disse que os salários baixos levam os professores a jornadas duplas ou triplas, o que reduz a eficácia das aulas.