Redução da jornada de trabalho é pauta prioritária da CUT
Central reúne sua Direção Executiva e define estratégias e ações para o próximo período. Seminário de planejamento da CUT aconteceu em São Paulo, nos dias 18 e 19/03

A Direção Executiva Nacional da CUT esteve reunida em São Paulo, capital, nos dias 18 e 19 de março, em Seminário de planejamento estratégico, onde foram definidas as principais ações para o próximo período.
No primeiro dia de Seminário, o debate sobre a conjuntura teve a contribuição do jornalista Luís Nassif, que apresentou um breve cenário sobre a tendência mundial de governos de extrema-direita e sua estratégia de destruição do Estado. Durante a exposição, Nassif ressaltou que esta estratégia visa desmontar o Estado para que ele não mais exerça seu papel de mediador de conflitos e, muito menos, de criador de políticas públicas. Para ele, as táticas da extrema-direita para descreditar o Estado se alicerçam na articulação entre o que ele chama de ferramentas de controle do mundo, que são big techs e o mercado, que comandam a economia mundial.
Para a CUT, esta estratégia, que objetiva enfraquecer o Estado e aumentar os lucros dos detentores do capital, é uma ameaça à democracia e aos direitos humanos e prejudica diretamente os trabalhadores, já que retira direitos, gera desemprego e aumenta a desigualdade social.
Redução da Jornada é destaque entre ações planejadas pela Central
Após dois dias de debates no Seminário, a Direção Executiva Nacional da CUT deliberou sobre diversos temas de interesse da classe trabalhadora, entre eles, a retomada da campanha da Redução da Jornada de Trabalho para até 40 horas semanais, sem redução de salários e apoio à PEC pelo fim da escala 6X1; Justiça Tributária – isenção de IR para quem ganha até 5 mil; atuação da CUT no BRICS e na COP 30; Jornada Nacional de Lutas; 1º de maio, e outros temas importantes para o próximo período.
Confira a íntegra da Resolução da Direção Executiva Nacional da CUT abaixo:
RESOLUÇÃO POLÍTICA DA DIREÇÃO EXECUTIVA NACIONAL DA CUT SOBRE REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO SEM REDUÇÃO DE SALÁRIO
E APOIO À PEC PELO FIM DA ESCALA 6X1
A Direção Executiva Nacional da CUT, reunida nos dias 18 e 19 de março de 2025, considerando o atual contexto da luta de classes na sociedade e as mudanças no mundo do trabalho, reafirma o seu compromisso histórico com a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e apoio à PEC pelo fim da escala 6×1 sem prejuízo de direitos da redução da jornada já conquistados por algumas categorias por meio da negociação coletiva e de lutas históricas travadas pelo movimento sindical. A CUT orienta os sindicatos que ainda não conquistaram o fim da escala 6×1 a buscarem por meio da negociação e acordos coletivos essa conquista para todas as categorias profissionais.
Seguindo esse posicionamento histórico, reforçamos a resolução do 14º Congresso Nacional da CUT:
O crescimento e o desenvolvimento do país somente serão possíveis com distribuição de renda, com políticas permanentes de proteção social e de valorização do salário mínimo, com redução da jornada de trabalho sem redução de salários e com o povo brasileiro no orçamento público. Portanto, é preciso retomar com força a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários para garantir aos trabalhadores e trabalhadoras trabalho decente, descanso e vida digna.
Avançar na proposta de redução das jornadas de trabalho sem redução salarial é reconhecer e apontar soluções para problemas históricos gerados pelo capitalismo, visto que as tecnologias sempre eliminaram empregos e a ganância dos capitalistas sempre precarizaram as relações de trabalho. Atualmente os novos arranjos de investimentos já não mobilizam a capacidade produtiva na intensidade em que precisa gerar postos de trabalho, além de dirimir padrões de trabalho tradicionalmente associados às ocupações. A redução das jornadas de trabalho contribui sobretudo no sentido de apresentar uma saída para o problema estrutural de falta de trabalho e postos de trabalhos decentes a toda força de trabalho disponível.
É crucial garantir trabalho a todas as pessoas, que estes trabalhos sejam reconhecidos como relevantes socialmente para toda a comunidade e não fiquem restritos ao circuito de acumulação capitalista, distribuindo empregos para todas as pessoas, ampliando o tempo livre para que a classe trabalhadora possa ter uma vida digna a com qualidade. Além disso, a redução da jornada de trabalho contribui para diminuir a disparidade de gênero, visto que são brutalmente afetadas pela sobrecarga de trabalho, fruto das duplas e triplas jornadas de trabalho.
Os avanços tecnológicos permitem tecnicamente reduzir a jornada de trabalho e este debate deve estar articulado ao debate sobre a distribuição do tempo entre o trabalho e não-trabalho e na própria distribuição das responsabilidades familiares por todos os seus membros, também como uma resposta política ao problema da pobreza, da desigualdade e da precariedade que afeta a maioria da classe trabalhadora.
Nesse sentido, a Direção Executiva Nacional da CUT aprova a retomada de forma permanente da CAMPANHA NACIONAL TRABALHAR MENOS, TRABALHAR TODOS, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários e orienta todas as suas entidades filiadas a reforçarem a defesa dessa pauta nos espaços de atuação nos locais de trabalho, nos territórios, nas comunidades, nos Comitês de Luta, nas Brigadas Digitais e nas redes sociais, como parte da luta estratégica por trabalho decente, por direito ao descanso e ao lazer, e por vida digna.
Viva a Classe Trabalhadora!
Viva a Central Única dos Trabalhadores!
São Paulo, 19 de março de 2025.
Direção Executiva Nacional da CUT