Revolução dos Cravos: Há 48 anos Portugal libertava-se; que isso nos dê esperança
Após a mais longeva ditadura do Ocidente, em 25 de abril de 1974, nossos irmãos retomavam a vida e a liberdade
Era 25 de abril de 1974 quando a liberdade ressuscitou na estreita franja a oeste da Península Ibérica. Portugal, a nação que nos colonizou, e com a qual manteremos eternos laços históricos e culturais, enterrava a mais longeva ditadura do Ocidente. Foram 41 anos de um fascismo abrutalhado, isolacionista e sufocante. O Salazarismo, já sem António de Oliveira Salazar desde 1970, era definitivamente sepultado e os irmãos portugueses, nas ruas, retomavam a vida e a liberdade.
Posta em marcha por oficiais intermediários das Forças Armadas, a adesão popular à revolução foi maciça e desde a primeira hora só reconheceu o triunfo. Desde o soar de “Grândola, Vila Morena” nas rádios tomadas de assalto, que serviu de sinal para ocuparem o país e derrubarem a ditadura, ao moderno Estado português atual, democrático e marcadamente plural, houve um grande caminho de reconstrução e quase meio século de respeito às instituições e, sobretudo, aos direitos humanos.
É uma lástima que 37 anos depois do início de nossa Nova República aqui no Brasil, parida com o fim da Ditadura Militar (1964-1985), precisemos sonhar de novo com a liberdade e a democracia, e nos inspirarmos no êxito de nossos irmãos do outro lado do Atlântico na edificação de um modelo político e social estável e mais justo. Inacreditavelmente voltamos a flertar com a ruptura institucional e outra vez ouvimos o grunhido dos porcos impolidos emanando dos quartéis.
Para os brasileiros, o próximo outubro tem tudo para ser o nosso 25 de abril. Elejamos nossa “Grândola, Vila Morena”, e que ela seja como a “Anunciação”, de Alceu Valença, fazendo com que “já escutemos os teus sinais”. A luta dura exigirá que sejamos aferrados à missão de tentar implantar uma vez mais uma democracia sólida e com espaço para todos, exceto para os napoleões e mussolinis de plantão que cismam em nos manter atados a uma âncora, presos a um autoritarismo que some e emerge de tempos em tempos.
Aos irmãos português, vivas à Revolução dos Cravos e parabéns à nação construída com tanto esmero nesses 48 anos. Aos brasileiros, parafraseando a letra de Chico Buarque que enalteceu a volta da democracia de Portugal, oxalá nossa festa de outubro seja bonita, pá!